O caso do Tony é provavelmente a mais bela história clínica que podemos acompanhar em 2009. A sua entrada deu-se no dia 12 de Outubro. Mordido com extrema gravidade por um cão errante, com dilaceração profunda do membro posterior esquerdo, com fractura cominutiva e exposta do fémur e desgarro da cavidade abdominal do mesmo lado. Um quadro sombrio.Nunca me vou esquecer da expressão do Tony nesse dia, pois parecia que nada fosse com ele...
Parecia inócuo a tamanha dor, distante da incapacidade de mobilização. Continuava bem disposto, com apetite normal...Simplesmente impressionante.
Exprimir a gravidade das lesões face ao tamanho quadro "alegre" do Tony foi tarefa árdua.Para os donos, a jovialidade e ingenuidade do Tony pareciam sobrepor-se ao quadro sombrio. Propus-me então a reconstrução cirúrgica, o melhor que pudesse, mas o inevitável poderia estar a vista: amputação alta de todo o membro posterior.
Devemos ser muito cuidadosos quando propomos aos donos qualquer amputação. Em 99% dos casos a reposta é peremptória: "Não, nem pensar"... o resto podem-no deduzir facilmente...
Confrontando as possibilidades de sobrevivência do Tony, coadjuvando-a com a sua incapacidade motora, nada me impedia clinicamente de seguir em frente.
Olhar para ele, mais convencida ficava em seguir a minha intuição clínica.
O seu profundo olhar apelava-me a não pôr termo à sua vida tão rápido, ainda por cima com os seus tenros 6 meses.

Aceitar a diferença custa.
Aceitar o desconhecido é uma viagem ímpar.
Aceitar, nestes momentos, a voz do nosso coração em detrimento da voz do nosso ego é inquietante...

Pedi à dona que confiasse no Tony e na sua recuperação. Apenas me interessava a sua intuição.
Em nenhum momento senti que nada mais fosse desejado ao Tony do que a sua recuperação.
Confortei os donos que a estadia prolongada (sucessivas cirurgias reconstrutivas) não seria problema maior.
Cada caso é um caso e não devemos olhar apenas para a parte material e económica do caso clínico.Aqui imperava algo maior:
Aceitar a Diferença!
Devemos ser compadecentes e complacentes.
Faz parte da nossa verdadeira essência humana.
O Tony permaneceu na clínica até ao dia 21 de Novembro. A ausência física dos donos que se ausentaram para o estrangeiro não se notou. Foram incansáveis em perguntar diariamente pela sua convalescença.
Na aldeia do Tony, ele próprio se tornara um herói. Ele já era bem conhecido e acarinhado pelos seus habitantes e a "diferença" começava a "marcar pontos"... Houve um dia que um habitante nos consultara com o seu animal mas logo que pôde perguntou pelo Tony!
O Tony recuperava, lentamente mas a alegria com que entrara, a jovialidade dele permaneciam inalteradas. Eu própria senti diversas vezes muita admiração por ele.Chegou finalmente o dia em que pela primeira vez, os donos seriam confrontados com o estado do Tony.
NUNCA tinham visto um felino andar de 3 patas e muito menos sendo deles próprio.
NUNCA tinham visto um felino andar de 3 patas e muito menos sendo deles próprio.

Ao abrir por ele próprio a porta em resposta ao chamamento dos seus donos, seguiram-se emoções muito fortes mas muito reconfortantes que todos aqui guardamos...
O Tony demonstrou-nos a Todos que,Vale a pena seguir o caminho da intuição;
por vezes, Vale a pena caminhar por um caminho diferente e desconhecido;
Vale a pena Aceitar a Diferença.
Porquê?
Porque simplesmente continuará a transmitir alegria, amará de igual modo ou ainda mais os seus donos e de certeza que quebrará muitos preconceitos.
A mensagem que a BandarraVet deseja que seja retida este ano com esta linda história do Tony é que podemos Aceitar a Diferença!Faz parte da nossa existência, mesmo que o seja no patamar dos nossos amigos de 4 patas!
Acreditam que o Tony marcou a diferença em 2009!
Obrigado Tony!!!

Aceitemos incondicionalmente o ano de 2010!
Em nome da BandarraVet,
FELIZ E PRÓSPERO ANO 2010
Em nome da BandarraVet,
FELIZ E PRÓSPERO ANO 2010
























































