O papel da comunicação voluntária ou involuntária, essencial para as relações sociais no seio de um grupo, assume uma grande importância quando o grupo em questão abrange homens e cães.
Em geral, designa-se por «linguagem e comunicação» o conjunto de mecanismos que permitem «transmitir uma informação» e facilitam a sua compreensão pelo interlocutor. Mas na realidade isto não é assim tão simples, pois o homem e o cão também comunicam com silêncios.
ENTRE CÃES
De cada vez que um cão transmite voluntariamente uma mensagem, exprime-se por meio de rituais que abarcam posturas, mímicas, latidos e cheiros. Mas também transmite involuntariamente elementos que traem o seu estado emocional e as suas reacções profundas face a uma dada situação. Assim, o jovem macho, com pouca experiência e cuja mãe não ocupe um lugar elevado na hierarquia não consegue ocultar o temor quando tenta dominar um congénere desconhecido. Se este tiver experiência suficiente e se estiver habituado a esse tipo de interacção, dar-se-á conta da fraqueza do seu adversário.
O GESTO E A PALAVRA
Do mesmo modo, ao tentar dominar o seu cão o dono enfrenta o problema de como o cão aceitará o seu domínio. Numa situação destas, esse dono poderá dar uma ordem cujo enunciado seja adequado, mas a postura pouco firme, defensiva, o tom da sua voz e a sua mímica inconsciente trairão a sua indecisão. O cão que se apercebe desta «abertura» não executará a ordem, apesar de a conhecer, e adoptará uma atitude ameaçadora para conseguir a submissão.
HARMONIA E COMUNICAÇÃO
É fácil, portanto, compreender o papel essencial da comunicação no plano da hierarquia. Este papel é bem conhecido dos especialistas, pois desde Konrad Lorenz que estes sabem que a hierarquia não se baseia só na relação de forças existente num combate. A comunicação, além do seu papel social e hierárquico, também tem uma função pacogénica (geradora de perturbações) cuja importância tem de se ter em conta. Os rituais que permitem medir a agressividade e suprimir o carácter ansiogénico da interacção entre indivíduos funcionam quase sempre bem nos grupos homogéneos, mas não tanto nos grupos pluriespecíficos, em especial nos grupos homem-cão. É bastante difícil conhecer as motivações que levam uma pessoa a arranjar um cão, mas pode-se afirmar que não têm muito a ver com as que impelem o cão a procurar a companhia do homem. Nas suas interacções com o cão, o homem tenta conseguir que o animal cumpra uma ordem que é conforme à lógica social humana
Mas no comunicar da ordem os vínculos afectivos que o dono talvez sinta poderão modificar o conteúdo da mensagem. Poderão ocorrer perturbações de dois tipos. Primeiro, a execução da ordem voluntariamente expressa implica uma atitude dominante da parte do dono; se não se aplicar esta regra, o animal não obedecerá.
Por outro lado, no caso de uma interacção altamente significante no plano hierárquico (mandar o cão para a sua cama, por exemplo) qualquer ordem modificada por mímicas e posturas que traiam medo levarão o cão a atacar o dono. Por último, a comunicação pode converter-se em ansiogénica quando a natureza dos vínculos hierárquicos existentes na família forem ambíguos. A repetição de interacções sociais nas quais o dono só considera a sua própria percepção da situação engendra com frequência no cão estados ansiosos que aparecem logo em muito pequeno. As flutuações que o cão percebe em relação ao seu lugar no grupo familiar impedem o estabelecimento das regulações sociais que condicionam em parte a estabilidade emocional do animal.
Em geral, designa-se por «linguagem e comunicação» o conjunto de mecanismos que permitem «transmitir uma informação» e facilitam a sua compreensão pelo interlocutor. Mas na realidade isto não é assim tão simples, pois o homem e o cão também comunicam com silêncios.
ENTRE CÃES
De cada vez que um cão transmite voluntariamente uma mensagem, exprime-se por meio de rituais que abarcam posturas, mímicas, latidos e cheiros. Mas também transmite involuntariamente elementos que traem o seu estado emocional e as suas reacções profundas face a uma dada situação. Assim, o jovem macho, com pouca experiência e cuja mãe não ocupe um lugar elevado na hierarquia não consegue ocultar o temor quando tenta dominar um congénere desconhecido. Se este tiver experiência suficiente e se estiver habituado a esse tipo de interacção, dar-se-á conta da fraqueza do seu adversário.
O GESTO E A PALAVRA
Do mesmo modo, ao tentar dominar o seu cão o dono enfrenta o problema de como o cão aceitará o seu domínio. Numa situação destas, esse dono poderá dar uma ordem cujo enunciado seja adequado, mas a postura pouco firme, defensiva, o tom da sua voz e a sua mímica inconsciente trairão a sua indecisão. O cão que se apercebe desta «abertura» não executará a ordem, apesar de a conhecer, e adoptará uma atitude ameaçadora para conseguir a submissão.
HARMONIA E COMUNICAÇÃO
É fácil, portanto, compreender o papel essencial da comunicação no plano da hierarquia. Este papel é bem conhecido dos especialistas, pois desde Konrad Lorenz que estes sabem que a hierarquia não se baseia só na relação de forças existente num combate. A comunicação, além do seu papel social e hierárquico, também tem uma função pacogénica (geradora de perturbações) cuja importância tem de se ter em conta. Os rituais que permitem medir a agressividade e suprimir o carácter ansiogénico da interacção entre indivíduos funcionam quase sempre bem nos grupos homogéneos, mas não tanto nos grupos pluriespecíficos, em especial nos grupos homem-cão. É bastante difícil conhecer as motivações que levam uma pessoa a arranjar um cão, mas pode-se afirmar que não têm muito a ver com as que impelem o cão a procurar a companhia do homem. Nas suas interacções com o cão, o homem tenta conseguir que o animal cumpra uma ordem que é conforme à lógica social humana
Mas no comunicar da ordem os vínculos afectivos que o dono talvez sinta poderão modificar o conteúdo da mensagem. Poderão ocorrer perturbações de dois tipos. Primeiro, a execução da ordem voluntariamente expressa implica uma atitude dominante da parte do dono; se não se aplicar esta regra, o animal não obedecerá.
Por outro lado, no caso de uma interacção altamente significante no plano hierárquico (mandar o cão para a sua cama, por exemplo) qualquer ordem modificada por mímicas e posturas que traiam medo levarão o cão a atacar o dono. Por último, a comunicação pode converter-se em ansiogénica quando a natureza dos vínculos hierárquicos existentes na família forem ambíguos. A repetição de interacções sociais nas quais o dono só considera a sua própria percepção da situação engendra com frequência no cão estados ansiosos que aparecem logo em muito pequeno. As flutuações que o cão percebe em relação ao seu lugar no grupo familiar impedem o estabelecimento das regulações sociais que condicionam em parte a estabilidade emocional do animal.