30/09/2008

ZOONOSES


A designação de zoonoses ou antropozoonoses aplica-se às doenças transmitidas ao homem e que têm um animal vertebrado como reservatório do agente. Alguns autores empregam o termo zooantroponoses, em oposição ao de antrozoonoses, para designar as infecções transmitidas pelo homem aos vertebrados inferiores, mas os dois termos servem, indiferentemente, para designar todas as doenças comuns aos animais e ao homem. Relativamente ao ciclo biológico do agente infeccioso, as zoonoses podem ser classificadas em quatro grupos que apresentam, cada um, grande homogeneidade epidemiológica:
  • Zoonoses directas, transmitidas dum hospedeiro invertebrado infectado a um hospedeiro vertebrado sensível por contacto directo, por contágio ou por intermédio dum vector mecânico, sem que o agente patogénico sofra modificações essenciais durante a transmissão (Brucelose, ou Febre de Malta, raiva, etc).
  • Ciclo-zoonoses, em que o agente infeccioso deve passar por mais de uma espécie de hospedeiro vertebrado para completar o seu cico biológico, mas não exige hospedeiro invertebrado (teníases, equinococose);
  • Meta-zoonoses, transmiidas por vectores invertebrados e em que o agente se desenvolve ou se multiplica e desenvolve nestes, sendo a transmissão ao hospedeiro vertebrado possível só depois dum período de incubação extrínseco (infecções por Leishmaniose, Malária, arbovírus, peste, shistosomíase);
  • Sapro-zoonoses, em que ao lado dum hospedeiro vertebrado há um local de desenvolvimento ou um reservatório não animal, como matéria orgânica, incluindo alimentos, solo, plantas, (dermatite verminosa por ancilostoma, algumas micoses).
No grupo das zoonoses estão descritas mais de 150 doenças e a lista das principais varia muito com os países e as regiões geográficas. Entre as zoonoses consideradas de importância figuram: a Leishmaniose, a Raiva, o Carbúnculo, a Brucelose, a Tuberculose bovina, a Leptospirose, a Salmonelose, as Febres púrpuras de Riquetsias, as infecções transmitidas por artrópodes, certas doenças parasitárias (Cisticercose, Hidatidose, Tripanossomíases).


De entre outras zoonoses de identificação mais recente, contam-se: Gripe Aviária, a doença de Marburg, a febre de Lassa, as doenças da floresta de Kyasanur, a Babesiose, etc.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), dentro da profissão de Medicina Veterinária, encontramos a vertente da Saúde Pública Veterinária, que é a parte da Saúde Pública que tem por objectivo a aplicação das competências, conhecimentos recursos da profissão veterinária na protecção e melhoria da SAÚDE, e do BEM ESTAR do HOMEM, particularmente nos domínios da protecção da saúde animal, limitação das zoonoses, higiene e salubridade dos alimentos, promoção do equilíbrio ambiental e respeito ecológico.


28/09/2008

145ª CONVENÇÃO ANUAL AVMA


Especialistas salientam importância da ligação entre saúde humana e animal


Realizada em Nova Orleães (Estados Unidos), entre os dias 19 e 22 de Julho, esta iniciativa reúne especialistas de vários países para apresentar as novidades em termos de investigação clínica e de outras áreas, bem como cursos, programas e actividades variados, contando ainda com uma área de exposição.
Uma das matérias em destaque neste evento foi a iniciativa "One Health", trabalhada em conjunto pela AMVA e a American Medical Association (AMA), que visa chamar a atenção para a interactividade entre saúde humana, animal e ambiental, de forma a encontrar soluções para uma melhor acessibilidade, tratamento e prevenção de transmissão de doenças entre espécies.
Neste encontro, especialistas em Medicina Humana e Medicina Veterinária debateram a importância de colaborarem na prevenção de surtos e controlo das zoonoses. Nesse sentido, Lonnie King, director do Centro for Disease Control and Prevention, National Center for Zoonotic, Vector-Borne and Enteric Diseases, sublinhou que as pessoas precisam de compreender como é que "as esferas" da saúde humana, animal e ambiental estão ligadas e, juntas contribuem para a saúde pública de forma generalizada. "Não podemos compreender os assuntos sobre a saúde humana se apenas olharmos para eles através da "lente" da saúde humana. Precisamos de entender qual o papel dos animais, dos produtos animais e do meio ambiente para produzir resultados saudáveis e responder às ameaças para a saúde humana", pelo que defende que estas "esferas" não podem continuar a ser encaradas de forma individualizada, mas no modo como estão interligadas. "A nossa estratégia para o futuro deverá passar pela ideia de que ao melhorarmos a condição de uma delas, poderemos melhorar as condições das restantes".
De acordo com a informação recolhida no site da AMVA, esta edição da convenção acolheu um total de 7641 visitantes, entre os quais 3093 médicos veterinários, 506 estudantes de Medicina Veterinária e 2218 profissionais de outras áreas.

Este artigo foi retirado da revista mensal "Veterinária Actual". Posso afirmar que finalmente poderemos encarar o futuro numa perspectiva conjunta mais empenhada entre profissionais de saúde humana e animal. Há tanto tempo desejada pela classe veterinária...

E fez-me pensar... Até no meu campo profissional se avizinham mudanças....

24/09/2008

O COELHO GATO




Este vídeo foi gentilmente enviado por uns clientes emigrantes franceses que passaram pela Bandarravet.
Merci beaucoup Marithé et José.
Um gros Boujour pour Étoile

23/09/2008

O EUROPEU PRETO

Muito ágil e alegre. De porte médio e pêlo duro, denso e macio, esta é uma variedade muito rara em todo o mundo e, por isso, bastante valorizada. Nesta variedade rara, a pelagem densa deve ser totalmente negra.

O Europeu Preto é, como o próprio nome indica, originário da Europa, onde já foi tido como "gato de rua". A variedade mais rara é a Preta, em virtude da dificuldade em se conseguir um exemplar totalmente negro.

A sua ascendência é um tanto obscura mas, no século XVII, Linnès, naturalista europeu que fez toda a classificação do reino animal, estudou a raça e concluiu que, ao contrário do que afirmava a lenda popular, o Europeu não era descendente de gatos selvagens que emigraram para a cidade e lá se estabeceram.

De acordo com Linnès e naturalistas holandeses que confirmaram a sua teoria, além de não possuir comportamento, ossada e porte dos selvagens, o Europeu alimenta-se como os gatos domésticos, ou seja, não come muito de uma só vez para ter reservas e só volta a comer quando sentir fome, mas come pouco, por diversas vezes.

A história desta raça diz-nos que tem a sua origem no Egipto e foi introduzida na Gália (denominação antiga da França) pelos legionários romanos, por volta do século II ou III, de onde se espalhou para vários países europeus, excepto a Inglaterra, onde sempre foi bastante raro.

Manso e alegre, o Europeu é um animal de porte médio, bastante charmoso e inteligente, que aprende com muita rapidez tudo que se lhe ensina. É activo, gosta muito de se movimentar e, por isso, prefere casas com jardim, terra, ao invés de apartamentos. Todos os exemplares da raça são bastante independentes e adoram caçar, daí a necessidade do espaço e liberdade.

De todas as variedades do Europeu, a Preta é a mais rara, pois, segundo os padrões estabelecidos, eles têm que ser totalmente pretos, sem um fio sequer de outra cor, inclusive os subpêlos e os pêlos curtos. Os olhos vão do amarelo-esverdeado ao cobre, mas para o padrão só servem animais de olhos entre o amarelo-alaranjado e o cobre, inclusive, sem nenhum traço esverdeado.

Uma particularidade é que a maioria dos filhotes nascem com uma mancha branca e com fantasmas (listras nas patas e cauda) que deve desaparecer com o crescimento, se o animal seguir o padrão estabelecido. Os filhotes de cor preta nascem também com uma cor acastanhada-acobreada que pode perdurar se ele for criado ao sol ou em lugares húmidos.

O valor do Europeu Preto não é definido pela sua morfologia, mas pela cor da pelagem e, por isso, é motivo de constante interesse por parte dos criadores, que vêm tentando conseguir purificar a variedade, para torná-la menos rara. Nas outras variedades, como por exemplo a Tabby, a preocupação dos criadores é com uma qualidade do desenho da pelagem. Além do Preto e do Tabby encontramos, também, o Europeu branco, ruivo, azul, creme e tartaruga, entre outras variedades.

O Europeu Preto é um gato companheiro e carinhoso, que pode ser alimentado com peixe sem espinhas, frango e legumes. Como não pode ficar ao sol, será importante o suplemento de cálcio em pequenas quantidades, levedura de cerveja ou oligo-elementos essenciais para melhorar a qualidade da pelagem de comprimento médio, fina, densa e macia.

Eu tenho a minha Anúbis, fêmea, uma ternura de "diabinho" com pele de cordeiro...

19/09/2008

ANTI-STRESS

Dizem os cientistas que rir provoca em nós a libertação de endorfinas; as tais hormonas prazenteiras que nos dão asas...


Dona: "Jedy, não viste a minha bola de azeite, do pequeno almoço?
Jedy: "Dona, sabias que a regra da etiqueta diz que nao se deve falar com a boca cheia?"



Dona:
"Cadê a bola??? Não vejo nada sem óculos".......
Dona: "Pimpim????????????????, vistes os meus óculos?"


Pimpim: "dona, andas a procura de alguma coisa?"


Anubis: "mas que chinfrineira é essa? Estava a dormir tãooooooo bem!"


Pimpim: "Asy, eu acho que vem aí guerra, sabes?????"


Dona: "Jedyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyy?????"



Anubis: "É melhor eu esconder-me!"


Avalon: "Vem aí molho.... ui ui uiiiiiiii"


Dona: "Jedy castigo!!!!!!!!!!"


Pimpim: "He He He He He He.... o Jedy vai de castigo!!!!!!!!"


Dona: "Pimpimmmmmmmmmmmm??????"
Pimpim: "upsssssssssssssssssssssssssssss"


Pimpim: "Deixa-me cá fugir do castigo, bolassssssssss......outra vez, não...."



Batanete: "Burrinhos He He He He..."


Aliviou o stress? Ainda bem...

16/09/2008

A EUTANÁSIA


Um tema ambíguo, com toda a certeza, mas que não pode de modo algum, cair no esquecimento de todos os que são donos de animais de companhia.
Todo
s serão confrontados com ela, mais cedo ou mais tarde de uma forma mais sentida ou mais penosa.
A recente eutanásia feita aqui na clínica fez-me relembrar este tema, não tão pouco frequente, como podem imaginar.

Segundo diz
o ponto 3 do artigo 2º do Capitulo I, nas Disposições Gerais do Código Deontológico Médico-Veterinário; "No exercício da sua actividade profissional, o Médico Veterinário deve escrupuloso respeito às normas legais, éticas e deontológicas a ela aplicáveis, é técnica e deontologicamente independente, e responsável pelos seus actos, devendo agir com competência, consciência e probidade."
Os meios farmacêuticos utilizados na eutanásia, não serão aqui descritos, nem tão pouco a descrição prática da mesma. Contudo posso afirmar que é abordada de uma forma serena, profissional e de respeito mútuo para com os donos, num momento que julgo de grande constrangimento.

O objectivo aqui é descrever o "contexto" da eutanásia onde são feitas muitas perguntas, por vezes até demasiadas, por parte do cliente em relação à mesma. Parece uma tentativa de "escape" para aliviar a carga emocional, ou mesmo aliviar algum sentimento de culpa em ter de chegar à esse momento decisivo. Mas será esse o momento oportuno?

Não nos compete a nós, clínicos, essa decisão, do "momento", apesar da constante insistência dos proprietários em nos incutir tal responsabilidade. Tentamos reconfortar os donos através de palavras médico-veterinárias, talvez em vocabulário demasiado científico, dirão alguns, a descrição fisio-patológica do caso clínico que poderá levar eventualmente o mesmo à uma evolução sem retorno. Aí sim podemos, quando muito, em falar durante a consulta em eutanásia, mas nunca a decidimos. Não nos podemos alienar aos problemas puramente socio-económicos dos proprietários.

Salvas as doenças de foro zoonótico descritas em Decreto-Lei para o efeito, onde, pela savalguarda da saúde pública podemos nós, clínicos tomar essa decisão, cabe sempre aos proprietários tomá-la. Não é fácil; não.

A ressalva que pretendo relembrar é a do 10º mandamento canino: "Não te afastes de mim nos momentos difíceis ou dolorosos. Nunca digas: "Prefiro não ver" ou "faz quando eu não estiver presente". Tudo é mais facil contigo ao meu lado.
"

O fim de uma vida é sempre um fim, mesmo se tratando de um animal. A prática na clínica me levou a tornar esse "acto", cada vez mais penoso. A maioria das vezes, por vontade dos donos que não queiram assistir, somos nós que olhamos para o último suspiro, para a última expressão do olhar, onde o animal se confronta com o olhar já por si, pouco familiar do clínico. Acreditem que não é fácil, mesmo se tratando de um processo não doloroso e rápido para o animal.

A decisão por parte dos donos é difícil? Imaginem um pouco o acto de eutanasiar num ambiente já por si, pesado.

Deixo aqui todo o meu apreço pelos donos que, conscientemente decidiram assistir àquela que pode ser chamada, de última caminhada. Acredito que para eles (donos), inexplicavelmente a carga emocional se reduz e a minha se torna mais leve por saber que, profissionamente procedi a todas as normas e emocionalmente pûs termo a um sofrimento mútuo "dono-animal".

Com toda a certeza, eu irei acompanhar os meus.

Pensem nisso.

15/09/2008

MAPA NATAL DO BLOGUE

Dizem os entendidos que na nossa vida somos sujeitos a variadíssimas paixões. Para além da nossa profissão que nos complementa a nível pessoal, sendo também o sustento do nosso dia a dia, temos porém outros e variados prazeres na vida. Desporto, cinema, literatura, música, viagens etc...
Para mim, escolhi por entre várias paixões, a Astrologia. Não irei aqui debruçar-me muito sobre ela, pois necessitaria de um autêntico compêndio. Contudo posso afirmar que através do conhecimento astrológico, a minha vida tem seguido um rumo mais sólido, mais consistente, tornando compreensíveis todas as fases da vida, potencializando melhor as minhas capacidades, seja em que ramo for.
Deixo aqui, para aqueles que queiram conhecer melhor a Astrologia, o site mais interessante e enriquecedor que conheço; uma autêntica e verdadeira escola, como o próprio nome indica, a Escola de Astrologia Nova-Lis [Clique aqui].

Sobre o mapa natal do blogue, (mapa astrológico de nascimento), podemos afirmar que retrata as principais características da personalidade e tendências da vida. Cada mapa é calculado levando em conta a posição astronómica dos planetas, em relação à um determinado sujeito, neste caso o blogue. O mapa indica sectores, chamados "casas", signos e aspectos que se relacionam entre si.

Como estudante de astrologia, deixo então uma breve análise ao blogue "Bandarravet":



Sol em Virgem, na Casa I, o blogue terá um apurado senso do dever, além de ser extremamente prático. Terá gosto por coisas organizadas, correctas e perfeitas. Terá grande capacidade de trabalho, eficiência e constructividade. Será muito prudente e preciso no que fizer.
Lua em Sagitário na Casa IV, o blogue estará rodeado por muitos visitantes, sendo estes considerados como seus familiares.
Ascendente em Virgem, o blogue possui uma capacidade adaptativa e alerta. Analisa minuciosamente os assuntos, em busca da perfeição. Terá capacidades para ensinar. Terá interesse em assuntos de foro médico, higiene e nutrição e em métodos alternativos.
Mercúrio em Balança na Casa II, inteligente e com muito talento artístico e estético. Analisa cada questão, pensando sempre nos prós e contras antes de tomar uma decisão. Comunicar-se-á com tacto, diplomacia, será sociável e comunicativo. Terá apreço pela justiça, a unidade, a igualdade e o equilíbrio.
Casa IX em Touro, terá gosto pelo lado artístico.
Casa X em Gémeos, terá muito trabalho e não vai conseguir ficar parado... muitos "post" se aguardam.
Lua em sextil com Mercúrio, terá imaginação e talento para escrever.
Mercúrio em conjunção com Vênus, será alegre e amável com quem o visita.

Foi uma breve abordagem astrológica, mas o futuro nos dirá a sua sentença!

E com todo o apreço que tive nesta gentil e maravilhosa prenda do meu amigo e professor, Astrólogo António Rosa, seu blogue Cova-do-Urso [Clique aqui],
aqui vos deixo a sua análise:

Chamou muito a minha atenção, o facto interessante deste blogue possuir em destaque no Meio do Céu, o signo Gémeos, como extensão da sua autora. Um Mercúrio muito bem alinhado, em contacto com o próprio MC e o Ascendente, reforçando a ideia de complementaridade ao projecto da Maria Paula, pois utilizará este projecto para expressar os seus conhecimentos sobre a grande paixão da sua vida: o reino animal.

Este Mercúrio em Balança, na casa II, está conjunto a Vénus (regente esotérico de Gémeos), e a Marte, dando-nos a ideia que a sua mensagem chegará ao destino com imensa facilidade. É um Mercúrio que funcionará na horizontal, abordando temas que todos iremos beneficiar e aprender. Também funcionará na vertical, trazendo à sua autora o afecto, compreensão e admiração dos demais.

Continuando com Mercúrio, vemos que está em contacto suave com o eixo nodal, trazendo público, leitores e admiradores da sua mensagem. Júpiter (Capricórnio, casa IV) a ser tocado por uma quadratura do senhor da comunicação, afirmando-nos que será necessário um cuidado nos excessos que se possam verificar. Este mesmo Júpiter contacta o MC, reafirmando que a comunicação será abundante e regida por uma Lei interna, por um sentido de missão.

Continuando nesta rota de Mercúrio, também nos apercebemos que Júpiter faz um aspecto a Saturno, que por sua vez contacta igualmente o MC, dando a possibilidade de haver ordem e estrutura neste projecto. A sabedoria far-se-á sentir. A disciplina, será a aprendizagem a desenvolver, tanto mais que Saturno é o planeta Oriental deste horóscopo, dando-lhe uma proeminência de segurança e vontade. Será necessário dar atenção a Neptuno e Plutão, que estão soltos no mapa, pois encontram-se peregrinos. O poder e a criatividade de mãos dadas.

Muito Obrigado!

12/09/2008

CHOW-CHOW



Aparentado com a família dos spitz e dos cães nórdicos que vivem nas regiões setentrionais da América, Europa e Ásia, ao chow-chow não lhe falta personalidade, muito embora bastasse a sua silhueta característica para o converter num dos representantes mais originais da espécie canina. Chega-se ao ponto de alguns autores considerarem o "chow" como um ramo especial da espécie canina devido às suas inúmeras particularidades (língua azul, prolongamentos importantes dos ossos laterais do crânio, membros posteriores rectos) bem como a certas constâncias biológicas singulares, recolhidas pelo Dr. Fernand Méry: temperatura interna ligeiramente superior ao normal (39ºC), percentagem de ureia cerca de 50% inferior à dos outros cães, suco gástrico mais ácido...
Esta originalidade que além das diferenças habitualmente observadas entre as diferentes raças de cães, levou Pierre Etienne, antigo presidente do Clube francês desta raça a formular uma hipótese audaz: "raça ou espécie?" Existem mais diferenças entre um chow-chow e um cão nórdico do que um lobo e um pastor alemão que, no entanto, são considerados como espécies diferentes apesar de terem o mesmo número de cromossomas, fórmula dentária idêntica, serem interfecundos e terem um aspecto muito semelhante. O chow tem todos esses pontos em comum com o spitz à excepção do aspecto e dos seus caracteres raciais únicos que nos recordam que os canídeos e os ursos provém de um antepassado comum.
O isolamento da região que foi berço original dos
chow-chow poderia reforçar aquela ideia: com efeito, a região compreendida entre os montes fronteiriços de Sikhot Alin, o grande rio Amur e o mar, no extremo oriental da Sibéria foi povoada, na época neolítica pelos Ainos. Estes homens singulares, os únicos no Extremo Oriente que têm a pele branca e um sistema piloso muito desenvolvido (provavelmente indo-europeus, segundo trabalhos recentes de investigadores japoneses), tinham uma religião baseada no culto dos ursos e, na época, foram escorraçados para as ilhas de Saratina e Hokkaido. Os Ainos, que utilizavam antepassados do chow-chow na caça, na pesca e na tracção dos trenós teriam preservado assim a existência de uma espécie semelhante à canina.



A evolução histórica parece confirmar a existência de uma proximidade entre os antepassados do chow-chow e dos cães mongóis. De qualquer forma, o símbolo do cão existe nos caracteres primitivos da escrita chinesa, o que prova que este animal, mesmo que não tivesse sido originário da China, foi ali introduzido muito cedo.
Parece, que posteriormente, este cão teve uma sorte menos invejável e, assim, no século XIX, converteu-se num manjar muito frequente (o nome
"chow" provém do cantonês através do pidgin inglês e provavelmente significa "alimento". Note-se que, neste sentido, a língua azul deste cão era um critério de comestibilidade...

É verdade que, graças à selecção britânica, se tornou mais compacto, a pele mais lustrosa, o focinho alargou, a testa enrugou-se e o
scrowl se desenvolveu, mas esta evolução não fez mais do que acentuar alguns traços pré-existentes sem contudo modificar a silhueta do animal.
O estalão redigido pelo primeiro clube da raça (fundado em 1895), baseava-se uma descrição fiel do campeão
Chow VIII, um macho vermelho importado directamente da China. Depois fez-se um segundo estalão, com modificações essenciais relativamente ao primeiro, que a FCI (Federação Canina Internacional) corrigiu e divulgou.

O que o torna tão apaixonante e atraente é a sua personalidade fora do comum. Às vezes ouve-se dizer que este cão com aspecto de leão parece ter-se convertido num ursinho de peluche. O
chow-chow conserva uma segurança e uma dignidade totalmente leoninas, continuando ter aquele ar asiático de impassibilidade e falsa indiferença.

A sua capacidade de afecto, muito real e profunda, é pouco manifestada. O seu gosto pela independência é muito pronunciado. É esse caracter independente, distante e altivo que o faz parecer-se com o leão, com o gato e com o urso, cujas personalidades tanto fascinam algumas pessoas! O aspecto bonacheirão do
chow-chow nada tem a ver com o seu temperamento: antes de obedecer, pensa duas vezes! Não se pode ser brusco com ele e muito menos bruto, pois não é cão que perdoe esse tipo de atitudes. Diz-se com toda a razão que é "cão daqueles que não suportam as conquistas fáceis" e como disse o Dr. Mery, "se alguém quiser um cão, não escolha um chow-chow".
Viver com um destes animais ao longo de dez anos é uma experiência que não se esquece com facilidade e muitos poucos donos de
chow-chow mudam de raça.

Eu escolhi esta raça como a minha de eleição, vai-se lá saber porquê!

09/09/2008

PORQUÊ BANDARRAVET?

A escolha de um nome suscita sempre em nós um frenesim mental. Se por um lado queremos ser criativos e únicos na dita escolha, por outro buscamos algo que nos possa relembrar algo ou alguém especial ou ainda perspectivar no nome aquilo que etimologicamente a palavra representa. Quem nunca fez uma lista exaustiva de possíveis nomes para então dentro dessa lista eleger o que mais complementa o que atrás foi dito? Algo ligado a momentos decisivos do passado ou do presente; nomes sonantes; ídolos; amores; familiares; e por aí fora.
Uma autêntica ginástica mental!
A escolha do nome da clínica (o blogue está associado à clinica) não foi excepção. Procurei nomes de clínicas, portuguesas, estrangeiras, enfim...um verdadeiro mote!
Queria muito um nome sonante, único, relativo à actividade e facilmente identificado pelo "consumidor final", onde no simples nome tudo fosse perceptível.... Continua a tortura!
Dentro da incubadora dos "muitos" possíveis nomes, foi tomando forças o nome Bandarravet.

Para quém é de Trancoso, o nome não é invulgar. Existe a Cooperativa agrícola Bandarra, Sapataria Bandarra, Pastelaria/confeitaria Bandarra; Café/Restaurante Bandarra...

Afinal o que é Bandarra, dirão vocês.

Passo a explicar antes que algum geminiano se precipita no google!

De seu nome Gonçalo Anes, Bandarra por alcunha nasceu em Trancoso num ano qualquer da graça de Nosso Senhor, presumindo-se nos inícios do século XVI ou mesmo em 1500 (que pena não ter a data certa, dirão alguns de vós). Bandarra não era sujeito despido de letras e teria nascido em berço rico ou provavelmente remediado. Perdida a fortuna em ignotas empreitadas (de que a alcunha é evidência) para acudir à sua pobreza tomou o ofício de sapateiro de correia.
Instruiu-se com padre Bartolomeu Rodrigues e doutor Álvaro Cardoso e com uma Bíblia do escudeiro João da Cruz. À posterior a sua obra viria a chamar-se Paráfase e Concordância de Algumas profecias de Bandarra e foi editado por Dom João de Castro. A obra foi interpretada como uma profecia ao regresso do Rei Dom Sebastião após o seu desaparecimento na Batalha de Alcácer-Quibir em Agosto de 1578. Em 1815 é editada uma nova edição com o título Trovas inéditas do Bandarra e em 1822 e 1823 sai mais uma edição com o título Verdade e Complemento das Profecias. As Trovas do Bandarra influenciaram o pensamento sebastianista e messiânico de Padre António Vieira e de Fernando Pessoa. São três os pontos da profética de Bandarra: o Quinto império, a ida e regresso de el-rei Dom Sebastião e os destinos de Portugal. Após ter sido julgado pelo Tribunal do Santo Ofício, em 1541, e do qual recebeu pena leve, retornou a Trancoso onde veio a falecer em 1556.

Padre António Vieira viria a escrever: "Bandarra foi verdadeiro profeta, pois profetizou e escreveu tantos anos antes tantas "cousas", tão exactas, tão míudas e tão particulares, que vimos todos cumpridas com os nossos olhos".

Fernando Pessoa afirmou: "O verdadeiro patrono do nosso país é esse sapateiro Bandarra. (...) O Bandarra, símbolo eterno do que o povo pensa de Portugal (...) O futuro de Portugal - que não calculo mas sei - está escrito já para quem saiba lê-lo, nas Trovas do Bandarra".

Entre as mais famosas Trovas do Bandarra, destaco estas duas mais conhecidas por nós, habitantes de Trancoso:

Sou sapateiro, mas nobre
com bem pouco cabedal;
E tu, triste Portugal,
Quanto mais rico, mais pobre


Em dois sítios me achereis,
Por desgraça ou por ventura
:
Os ossos na sepultura,

A alma, neste papéis.




Conjungando as duas palavras, Bandarra e Vet (de Veterinária), nasceu o nome BANDARRAVET.

Estava encontrado um nome, único, original mas que identifica o local; a actividade; e perspectivando nele a grandiosidade e reconhecimento que tanto almejo.

07/09/2008

O EFEITO DO ECLIPSE SOLAR DE 1 DE AGOSTO DE 2008

Quem não se lembra do famoso "post do eclipse" publicado pelo meu amigo António Rosa no seu blogue "Cova-do-urso" ? [clicar aqui]

Pela chamada de atenção da minha amiga Astrid Annabelle, do seu blogue "Navegante do Infinito" [clicar aqui], quando disse: "Sei que nos eclipses os animais se alvoroçam... os macacos descem dos galhos... os cavalos se agitam... os passarinhos se calam... a natureza fica em estado de alerta...

Foi o propulsor de todo um movimento nos posts seguintes aos blogues dos meus amigos; nos bastidores também...

E o post dos 10 mandamentos caninos? publicado também pelo António Rosa no qual comentou o seguinte: "tenho a impressão que ela vai acoplar um blogue ao site, para nos contar coisas, ensinar-nos, desabafar"...

Aquelas palavras mexeram comigo e de que maneira! Senti pela primeira vez que alguém me obrigava a desprender a "cavilha de uma granada", despoletando em mim todo o fervor em poder revelar o mundo animal como eu o vejo, despido de preconceitos, de ignorância, de crueldade, podendo transportar-vos para uma viagem nova, mas de um modo singular e pessoal.
Não quero ser de modo algum, melhor ou pior que alguém, nunca quis. Sempre quis ser melhor do que eu própria. Quero vos mostrar, simplesmente o que os meus olhos vêem, o que as minhas mãos sentem, toda a panóplia de emoções possíveis perante um mundo diferente; inferior, dirão uns; genuíno, dirão outros; um mundo a que nós humanos apelidamos de animal e que tanto nos pode trazer.

Escolhi para "Padrinhos" deste novo blogue, como seria lógico por tamanho agradecimento e honroso para mim, o António Rosa e a Astrid Annabelle. Para eles em especial que sintam a gratidão por me ter incutido esse novo e maravilhoso projecto. Muito, muito obrigado.

Espero que durante essa viagem, VÓS TODOS, amigos, colegas, visitantes, clientes, familiares, aprendam, compartilham, divirtam-se, interiorizem novos conceitos, pequenos segredos e participem.

Se algum dia sentir que isso tudo vos foi útil, então ficarei feliz, e muito.

Sereis todos, parte integrante de um sonho meu: servir com vista ao próprio bem-estar, à própria evolução e ao próprio equilíbrio e tornar o mundo animal melhor e mais harmonioso.

Como diria o meu amigo António e corrija-me se estiver errada, Pluto, Pluto, vagueando na minha Casa VI...

Deixo por fim este legado maravilhoso, de Fernando Pessoa, por demonstrar na perfeição o meu estado de alma de hoje:

Posso ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes

mas não esqueço de que minha vida
é a maior empresa do mundo,
e posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar
de todos os desafios, incomprensão e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar um oásis
no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica,
mesmo que injusta.

Pedras no meu caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...


A todos vós, o meu Bem-haja!



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