14/03/2010

PELA MINHA AVÓ, PELOS IDOSOS E POR NÓS, JOVENS QUE O SEREMOS UM DIA...


Graça de Jesus é o nome da minha avó, de 89 anos de idade. Um ser de luz que me ensinou inúmeras lições de vida, onde nem sempre e na devida altura foram entendidas ou aceites. Ensinou-me que apesar das adversidades que possamos enfrentar na vida, deveríamos ser perseverantes, corajosos, leais e acima de tudo, termos amor à verdade. A própria vida dela foi sempre o exemplo destes valores.


Estava internada num lar de idosos, onde supostamente deveria ter sido assegurado a assistência médica e de enfermagem; o bem-estar dela e o respeito pela dignidade humana.

No passado dia 11 de Fevereiro de 2010, deu entrada nas urgências do Hospital distrital da Guarda para averiguações de algumas feridas que padecia. Foi nesse dia que nos deparamos pela primeira vez do seu verdadeiro estado de saúde, consequente a várias irregularidades inerentes ao lar, comunicado pelo próprio Hospital.

Após reunião pedida de emergência ao próprio lar, formalizei uma queixa à Segurança Social para averiguações.
Não obstante as “ameaças” verbais, segui o meu instinto e reforçamos a vigilância da minha avó.


No dia 10 de Março de 2010, numa visita que lhe fiz, deparei-me com algum agravamento do seu estado de saúde e confrontando-me com a ausência de algum responsável da instituição, foi pedida de imediato uma ambulância para encaminhar a minha avó ao Centro de Saúde de Trancoso.
Deparei-me com o pior, pois pude assistir à visualização das suas feridas, sem que, por nenhum momento deixasse de lhe segurar a mão perante a agonia dela. Novamente encaminhada para as urgências do Hospital distrital da Guarda, permaneceu no departamento de cirurgia e posteriormente no serviço de Medicina Interna.

Nesse mesmo dia, pude vivenciar em mim própria a imensidão de revolta perante um ser de luz cuja própria “alma” se encontra conectada à minha, e materialmente, com seu sangue a “jorrar” no meu, desde a hora em que nasci. Uma alma que me olhava pedindo clemência e término de tanto sofrimento, mas que continuava a manifestar um sorriso para mim. Sabia ler o que os seus olhos queriam dizer…

Nesse momento mobilizei toda a ajuda que me fosse possível. Em 24 horas, recebi tanta ajuda que às 18.00 do dia 11 de Março de 2010, a minha avó foi transferida do Hospital e internada num novo lar de idosos, privado e com cuidados de vigilância médica apertada. No final do dia, a minha consciência tranquilizou-se por saber que a minha avó se encontrava num lugar seguro.

Não me posso alongar muito, pois como devem calcular foram contactados de imediato advogados que se prontificaram em nos ajudar. O caso será entregue no mais breve tempo possível ao próprio Ministério Público.

A minha essência clama por justiça. Mas uma justiça baseada nos verdadeiros valores da vida humana. Valores de dignidade, de compaixão, de altruísmo e de amor ao próximo.

Quero deixar aqui expresso a minha mais profunda gratidão por todas as entidades envolvidas nestes dias:

Ao corpo médico, de enfermagem e auxiliar do Centro de Saúde de Trancoso,
Ao corpo médico, de enfermagem e auxiliar do Hospital distrital da Guarda.
Ao gabinete de relações públicas do Hospital que foi incansável.
Ao gabinete de assistência social do Hospital distrital da Guarda, que nos providenciou o melhor lar disponível com as condições médicas necessárias ao acompanhamento da minha avó.
Ao corpo de Bombeiros de Trancoso e da Guarda.
Ao meu médico de família particular, que orientou e acompanhou de perto todo o encaminhamento médico.
Ao corpo de advocacia pela prontidão de todo o trabalho elaborado.
Aos meus terapeutas holísticos que me proporcionaram toda a luz, força, coragem e discernimento.
À uma amiga especial, que é assistente social por todo o exímio e incansável apoio prestado.
Aos meus amigos de luz e clientes da BandarraVet por tanta solidariedade e ajuda nestes dias.

A Todos, o meu Bem-haja



Avó, que os teus olhos vejam agora nos meus a perseverança, a coragem, a lealdade e o amor à verdade que me ensinaste.
Eu sei que a tua saúde está muito débil, mas também sei e não obstante os teus 89 anos, nos demonstraste que a dignidade humana deverá ser um valor a ser preservado na terceira idade, custe o que custar.
Avó, assim o farei e o espalharei…
Por ti, por todos os idosos e por nós, jovens, que um dia o seremos…


“Quando passares pelas águas da aflição, Eu estarei contigo e, quando os rios da adversidade te submergirem, Eu não te abandonarei”. “Ele enviou-me para fechar as feridas no teu coração alquebrado, para proclamar a liberdade dos cativos, e para confortar a todos os que pranteiam”

O meu Mestre interior.
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