07/10/2008

CÉRBERO


Cérbero é o cão mais célebre de toda a Mitologia; guarda da porta dos infernos, a sua missão não consistia em impedir a entrada a alguém (como faz qualquer cão de guarda que se preze), mas sim em não deixar sair ninguém de lá. Era um cão tão feroz e temido que o rei Euristeu julgou que nem o próprio Hércules conseguiria enfrentá-lo mas o semideus dominou-o no décimo primeiro trabalho que realizou.

O MITO DE CÉRBERO

Segundo a Mitologia Grega,
Cérbero era filho de Tifon, inimigo de Zeus (Júpiter para os latinos), e de Equidna, e irmão de outro cão chamado Ortos, e da Hidra. Da sua união com a Quimera nasceram o Leão de Nemeia e a Esfinge. Segundo Immisch, é possível que Cérbero tivesse começado por ser a serpente de Hades, o rei dos infernos, e não, como se ao princípio se julgava, uma derivação da cabala védica, um dos cães do Saramaia, que a mitologia hindu situava no Inferno. A hipótese da natureza primitiva de serpente do cão Cérbero baseia-se nas cabeças de serpente que lhe saiem de todo o corpo, principalmente da cabeça, da cauda e das patas.


O cão que guardava os infernos

Quando os homens morriam eram transportados na barca de Caronte para a outra margem do rio Aqueronte, onde se situava a entrada dos infernos. O acesso estava vedado por uma porta de diamante, junto da qual
Cérbero montava guarda. Este incorruptível e feroz animal não só atormentava as almas que tentavam escapar dos infernos como também os que ali penetravam. Sófocles representa-o a sair do seu antro com muita frequência para ladrar. Para lhe acalmarem a fúria, os mortos lançavam-lhe o bolo de farinha e mel que os seus entes queridos lhes haviam deixado no túmulo.

Um cão que comia gente

Na antiguidade, Cérbero era considerado um cão que comia gente, e para muitos é por esta crença que o nome Kérberos (cérbero) é a mesma coisa que kreoboros (comedor de carne). Esta mesma interpretação poderia explicar certos episódios da lenda de Cérbero, como o de Pirotoo, que em castigo por ter tentado seduzir Perséfone (a Proserpina dos Romanos), foi entregue ao cão para ser devorado por este.
A voracidade do animal também era confirmada por um dos suplícios infernais, que consistia em ele comer os corpos dos condenados. Este suplício poderia ser uma das muitas formas que simbolizavam a consumação dos cadáveres pela terra. E, como tal teria o mesmo sentido que Thanatos, que sugava o sangue dos mortos, que Eurínomo, que devorava cadáveres, e que certos nomes de Hécata, representada a sugar o sangue e a mastigar o coração e a carne dos mortos.

A MORFOLOGIA DE CÉRBERO


Apesar de Cérbero ser o cão mais conhecido de toda a Mitologia, existem muitas discrepâncias quanto à sua morfologia, a começar pela cabeça, menos quanto à forma do que ao seu número. As fontes da Mitologia dão versões diferentes, descrevendo-o como um cão com uma, duas ou três cabeças. Em algumas passagens da Teogonia de Hesíodo atribui-se-lhe até cinquenta, enquanto que noutras se lhe reconhece uma só. E autores antigos como Horácio e Licofonte chegam a atribuir-lhe nada menos que cem cabeças. Em todo o caso, a versão mais comum representa-o com três. Quanto à forma da cauda, também se lhe atribuíam as mais variadas aparências. Umas vezes era como a de um cão, outras como a de uma serpente, outras ainda como a de um leão. A imaginação popular concebia-o como uma criatura espantosa. É com este mesmo carácter que aparece representado nos monumentos e objectos da arte helénica, umas vezes com uma só cabeça de cão e uma infinidade de cabeças de cão, mais vulgarmente três, umas vezes iguais, ouras diferentes; finalmente embora não com tanta frequência, com uma cauda de leão, que noutras representações é de serpente ou simplesmente de cão.

HÉRCULES DOMINA CÉRBERO


O penúltimo dos doze trabalhos de Hércules (Heracles para os Gregos) foi levar a Euristeu o monstruoso cão que guardava a entrada dos infernos. O semideus já tinha tido de enfrentar outros animais nos seus anteriores trabalhos. Tivera de matar o Leão de Nemeia e a Hidra de Lerna, de apanhar o veado de Enae e depois o javali de Erimonte, de caçar as aves do lago Estinfale, de capturar o touro de Creta e as éguas de Diomedes, e de roubar a manada de bois de Geriones, que era guardada por Ortos, cão bicéfalo irmão de Cérbero. Hércules fora bem sucedido em todos esses trabalhos, sem fracassar em nenhum como esperava Euristeu, que tinha ciúmes da sua força e fama e temia que ele o destronasse. Assim, decidiu encarregar Hércules de um novo trabalho, no qual não lhe serviriam para nada as suas heróicas virtudes. Por isso obrigou-o a enfrentar o cão de guarda dos infernos, pensando que não conseguiria vencer um animal tão monstruoso. Para realizar o novo trabalho, a primeira coisa que o semideus fez foi informar-se sobre como chegar em plena segurança ao mundo depois da morte. Uma vez ali, libertou Teseu e Ascáfalo e depois apresentou-se perante Hades, o deus dos infernos, que se recusou redondamente a deixar que lhe levassem o Cérbero. Então Hércules disparou sobre ele uma seta que o feriu no ombro; Hades acedeu a entregar o cão, mas na condição de o dominar servindo-se só das mãos, com o corpo protegido apenas com a couraça e a pele de Leão que trazia. Hércules agarrou o cão pelas patas e, passando-lhe os braços pelo pescoço, manteve-o bem apertado, com a serpente que era a cauda do animal mordendo-o repeditamente. Nem mesmo assim Hércules soltou a presa, apesar da dor que sentia, acabando por fim por dominar o monstro. Então subiu à Terra pela porta do Inferno e quando Cérbero viu a luz do dia desatou a cuspir baba, dela brotando uma planta venenosa chamada acónito. Hércules levou o monstro a Euristeu que quando o viu ficou tão aterrorizado que correu a esconder-se numa jarra de bronze. E como o rei não soubesse o que fazer com Cérbero, Hércules devolveu-o aos infernos e ao serviço do seu dono, Hades.

19 comentários:

Anónimo disse...

very cool.

Ana Cristina disse...

muito bom Maria Paula, parabéns, faço minhas as tuas palavras.
Boa noite :-)

Anónimo disse...

Olá Maria Paula gostei muito de ler este post.Beijinhos.

Anónimo disse...

Olá Maria Paula

Uma maravilha!!
Goatei muito, muito.

Beijos

Adelaide Figueiredo

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Ana,

Bem Haja. Votos de um bom dia.
Por aqui parece que temos um temporal de chuva e de vento... :(

Beijinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Mimi,

Fico feliz em ouvir isso.
Mais uma vez grata pela sua visita assídua.
Para quando um blogue?

Votos de um bom dia.
Beijinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Adelaide,

Muito obrigado.
Não era suposto ser este post a sair da manga, mas o outro como é mais técnico dá-me mais trabalho e não o pude terminar; e tempo neste momento é escasso. :(

Não sei porquê mas tenho um gosto especial pelos assuntos da mitologia e fiquei contente que também "reina" algum protagonismo animal! :)

Votos de um bom dia
Beijinhos

Astrid Annabelle disse...

Maria Paula!
Mitologia em alta! Bonito post!
Por onde andas?
Recebeu meu email?
Aliás andei sentindo falta dos amigos lá em casa...acho que estamos todos trabalhando demais!
Isso é bom...
Um beijo carinhoso.
Madrinha Astrid

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Astrid,

Recebi o teu email, acreditas que já tinhas respondido...e não segui...

Há quem ande mal com o computador, aqui também, e mais, tenho problemas de net mas só a noite. Durante o dia só posso trabalhar mesmo nos intervalos..

Aqui estou com bastante trabalho e "voltinhas" chatas....

Só falta 1 semana... vamos lá ver...
Beijos

Anónimo disse...

Bom dia Paula,
Muito interessante este teu artigo...não conhecia este cão...estamos sempre a aprender não é assim amiga...
Bjinhos

PS: Não foste muito severa com a Pimpim pois não? Até porque aquele era o seu dia... :)

Maria Paula Ribeiro disse...

Boa noite Ana Cavaca,

Aprender sempre, é palavra de ordem!
:)

A "pimpim" está de castigo! e na solitária, também! :)

Beijinhos grandes!

princesaesquimo disse...

Olá Mary Paula
Que bela aula de mitologia, sempre muito interessante. Gostei muito.
Beijinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

Olá Sam,

:) muito obrigado. Já andas melhor? Espero que sim amiga.

Muita força.
Beijinhos grandes

Anónimo disse...

Olá afilhada,

Cultura, informação, mensagem, bom gosto.

Excelente contributo. Parabéns.

Beijinho atrasado,

António

Maria Paula Ribeiro disse...

Boa noite Padrinho,

Muito obrigado, mesmo. Tento aproveitar as ideias do meu Úrano! :)

Espero que voltes a ter pc em breve, e tudo na normalidade.
Boa sorte para amanhã a partir da 14.30! LOL LOL LOL

Eu vou lhes ligar logo depois das 18.00 :) Ai se pudesse ser omnipresente...

Beijinho XL

Anónimo disse...

Ola!!!

Não conhecia, gostei muito!!! Estamos sempre a aprender!!
Até amanha!

Maria Paula Ribeiro disse...

Olá!

Tu aprendes sempre comigo! E se não aprendes, é porque estás a dormir LOL

Falar em dormir, hoje vai ser difícil... :(

Jinos

Anónimo disse...

Maria paula
Alguma verdade existe nos mitos gregos e noutros da antiguidade mais remota.
Se considerarmos que que temos dentro de nós o Paraiso e o Inferno, em incessante contradição, não será dificil imaginarmos um cérbero ao portão da consciência de cada um de nós, impedindo que saiam as sentenças puramente subjectivas que fazemos.
Mas como os tempos são outros, é fácil corromper o cérbero, daí a violência exacerbada nos actos e nas palavras.
Saúdo que nos fales da história, porque é dela que apreenderemos o presente, cada presente.
Beijinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

Boa noite Neo,

Lindo o que escrevestes sabes? E verdade também.

Gostei muito mesmo, obrigado.
Um beijinho muito grande.

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