17/09/2009

TERRITÓRIO-PARTE I

Embora seja costume pensar que quando um cão levanta a perna ou ameaça um desconhecido está a marcar o seu território, no primeiro caso, e a defendê-lo, no segundo, a verdade é que a noção de território só se pode aplicar ao conjunto da matilha.

O território, uma questão da matilha

Considerar que um cão marca ou defende o seu território é aplicar a cada representante da espécie canina um conceito que se aplica essencialmente aos mamíferos solitários, a maioria dos quais marca uma parte do espaço que ocupa depondo diversas secreções nos seus lugares de passagem. O cão, que é um animal social, não tem um território individual; este pertence à matilha.

Os campos territoriais

Na realidade, os cães, tal como muitos outros mamíferos sociais, ocupam um espaço em que exercem diversas actividades e que é defendido pelo conjunto dos membros do grupo. No interior dessa zona, distribuem-se em função da sua categoria social e da actividade a que se dedicam. Assim, no território da matilha cada cão tem campos territoriais relacionados com situações emocionais e comportamentais precisas. Os campos territoriais dividem-se em três tipos:
  • campo de actividade, que são zonas em que o animal exercer uma dada actividade (caça, brincadeira, etc.);
  • campos de isolamento, para os quais o cão se retira quando quer quebrar o contacto com os seus congéneres;
  • campos de agressão, que são porções de espaço em que a intrusão de um congénere provocará, quase com toda a certeza, uma reacção de agressão.

A categoria social de cada indivíduo determina a parte do território da matilha em que terá este ou aquele comportamento e, por conseguinte, delimita os seus diferentes campos territoriais.
Assim se explica que o campo de isolamento, o campo de agressão e uma grande parte do campo de actividade dos dominantes se encontrem no centro do território da matilha. O resto da população reparte-se em camadas concêntricas em torno do campo de isolamento dos dominantes e na periferia do território fica uma zona de limites imprecisos, povoada pelos machos jovens, expulsos do centro pelos progenitores quando atingem a puberdade.
Todos os membros do grupo consideram extremamente importante ser tolerado no campo de isolamento dos dominantes, pois isso pressupõe prerrogativas sociais de dominante e é, por assim dizer, uma "promoção social"; por exemplo, quando as jovens fêmeas entram em cio, tentam fazer que o macho ou machos dominantes as admitam no seu círculo.

VIVER COM OS HOMENS


Quando o cão vive em companhia do homem, é evidente que não se pode existir uma tal distribuição concêntrica, mas o seu princípio continua a estar presente. Quando chega à família que o acolhe, o cachorro considera os donos substitutos dos progenitores e, portanto, machos dominantes. O jovem cão procura em particular a sala onde eles se retiram (em geral, o quarto de dormir), assim como os locais em que se dedicam a actividades de grupo.
O facto de os donos o aceitarem no quarto de dormir representa para o cão de companhia, até depois da puberdade, que estão a ser feitos sinais de reconhecimento por parte daqueles a quem considera dominantes e, assim, tentará disputar o lugar que ocupam. Ao adoptar tais atitudes, o cão pode tornar-se agressivo para com o dono do mesmo sexo.

Algumas salas relativamente pouco frequentadas pelos habitantes da casa; são as divisões que convém conceder ao animal, a fim de o manter na sua categoria de dominado.

No entanto, esta "marginalização" não deve ser demasiada marcada: colocar o cão num nível hierárquico demasiado baixo parece ser a causa de muitas fugas, durante as quais ele tentará integrar-se noutros grupos, tal como faria no interior de uma matilha.

17 comentários:

Bruna disse...

Boa Noite menina MP*

Belo post, o regresso aos ensinamentos!
Gostei da alteração, mt boa é prático, realmente haja mudanças....!!!!!!

Beijocas, ate amanha *))))

Joël Pinto disse...

Estamos sempre a aprender, sim senhor... e o mais importante de tudo é sabermos respeitar o espaço dos nossos amigos e não apenas o nosso.

Jinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Bruna,

:-) Regressamos!
Obrigado pelas alterações, ainda faltam uns ajustes, mas este html é osso duro de roer para mim!

Beijinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

Joel,

Nem mais! :)
Gostei.

Beijo grande

Caty Joao disse...

Bom dia!
E eu tinha a ideia que era para marcar o territótio!
Estamos sempre aprender!
É sempre gratificante aprendemos estas coisas boas dos nossos amigos!
Beijinho

Unknown disse...

Sabes, Maria Paula, este post empolgou-me, deveras. Amei. Grato.

Maria de Fátima disse...

Olá Mary Paula, aprendi mais um pouco e por isso obrigada.Beijocas e bom fim de semana.

Ana Cristina disse...

ando um pouquinho longe dos blogues, atender em outra freguesia :-) mas não podia deixar de ler este, sou fã dos artigos acerca do comportamento animal. Thanks.

Andy disse...

Belo post e mto obg pelo teu comentário no meu blog, gostei muito mesmo.
Bjinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

Caty,

Aprendendo e andando. Eu também aprendo e revejo muitos ensinamentos. Este blogue tem sido muito útil nisso, ;-)
Beijinho

Maria Paula Ribeiro disse...

António,

Fico contente que te seja útil.
Não tens de quê! Estou a voltar ao meu ritmo de trabalho... e isso é bom!

Kiss kiss

Maria Paula Ribeiro disse...

Mimi,

:-)Aprender sabe bem! Não é assim?
Beijocas e bom fim-de-semana para ti também, linda.

Maria Paula Ribeiro disse...

Ana Cristina

Então sinto-me duplamente honrada por ainda visitares o meu blogue! ;-)
Força aí nas tuas freguesias!
Beijinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

Andy,

;-) Não tens que agradecer.
Ensinar, encorajar, e ser-se solidário, faz parte da vida! :-)
Beijo

SIALAC disse...

Boa tarde!

Muito bem! Gostei de aprender mais qualquer coisa. Este blog é uma verdadeira enciclopédia!

Beijinhos,

Nuno C2l2is

Maria Paula Ribeiro disse...

Jeanne,

Já lá fui e desejo sucesso nesa nova caminhada.
Beijo

Maria Paula Ribeiro disse...

Nuno,

:-) Obrigado.
Aprender, divulgar conhecimento é um dos pontos fortes do blogue.

Beijo

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