Quando se conhece a complexa organização do espaço em que vive o cão, é fácil compreender as repercussões que as perturbações e incoerências que afectam esse "território" podem ter sobre o equilíbrio do animal.
Pode considerar-se que a gestão do espaço do grupo em cujo seio vive o cão tem muito com a génese das sociopatias, isto é, dos transtornos da organização social, bem como de certas hiper-agressividades secundárias e depressões de involução.
AS SOCIOPATIAS
No caso das sociopatias, o mecanismo é bastante simples. Quando o cachorro atinge os cinco ou seis meses, produz-se a ruptura dos laços afectivos e sociais que o ligavam à sua mãe. Essa ruptura, que também se chama "abandono" é acompanhada pela proibição de frequentar o centro do território (onde até então vivia coma mãe) e que a partir de então, fica exclusivamente reservado as dominantes.
O cachorro que é introduzido no seio de uma família humana não sofre esse abandono nem essa marginalização devido à forte relação afectiva que se estabelece entre ele e o dono. Neste caso, o jovem macho (estes problemas afectam mais os machos do que as fêmeas), cuja situação hierárquica não está suficientemente definida, converte-se num potencial rival do macho dominante, que neste caso é o seu dono. Os primeiros confrontos que se produzirão terão lugar na zona de isolamento dos donos (o quarto), pelo que se deve procurar que o cão não se instale com o seu dono nessa divisão. Na medida em que essa situação se pode evitar com relativa facilidade, as sociopatias corrigem-se sem problemas de maior. O mesmo não acontece com outras patologias do comportamento ligadas a desequilíbrios territoriais.AS SOCIOPATIAS
No caso das sociopatias, o mecanismo é bastante simples. Quando o cachorro atinge os cinco ou seis meses, produz-se a ruptura dos laços afectivos e sociais que o ligavam à sua mãe. Essa ruptura, que também se chama "abandono" é acompanhada pela proibição de frequentar o centro do território (onde até então vivia coma mãe) e que a partir de então, fica exclusivamente reservado as dominantes.
Geralmente é o dono quem determina a zona de isolamento do seu cão, muitas vezes sem ter em conta as suas necessidades. Embora à partida possa parecer que basta um recanto no chão, se o cão não estiver de acordo tentará encontrar outro lugar!
HIPER-AGRESSIVIDADE E DEPRESSÃO
A importância da zona de isolamento
Convêm recordar aqui que o território está normalmente organizado em zonas, tendo cada uma das quais uma função precisa. A zona de isolamento, por exemplo, é extremamente importante para o equilíbrio emocional do cão. Com efeito, essa zona é o lugar para o qual o animal se retira em caso de perigo ou de conflitos que ele não conseguiu resolver a seu favor. A sua localização é escolhida pelo cão em função do grau de segurança que lhe proporciona. É evidente que a categoria social e o equilíbrio emocional do cão influenciam esta escolha. Os dominados e os ansiosos tentam furtar-se por completo à vista dos restantes membros do grupo familiar, enquanto, os dominantes e os indivíduos estáveis se mostram muito menos difíceis neste aspecto. Contudo, acontece muito frequentemente ser o dono quem decide a zona de isolamento (ou o local de descanso) do animal, fazendo-o em função de contingências meramente humanas. Por vezes esta maneira de actuar pode ocasionar problemas e, se o dono não tem em conta determinadas necessidades do animal, pode acontecer que este vá dormir num sítio diferente daquele que se lhe tinha destinado.
...e do seu acesso
Há, portanto, que respeitar algumas regras. Depois de ter descartado todos os lugares que possam ter um valor hierárquico (quartos, corredores, sofás, cadeirões, etc) há que ter em conta que o facto de ter um tecto logo acima da cabeça tranquiliza o cão. E por esta razão que estes animais gostam tanto de dormir debaixo das mesas, numa casota, num cesto (no caso de pequenas raças, claro), etc.
Mas de nada servirá encontrar um bom local de isolamento se as suas condições de acesso forem impedidas para a tranquilidade do animal pois, quando este se retira para o seu canto após ter sofrido uma agressão ou quando está doente, sofre ou tem necessidade de dormir (o momento de dormir é precedido por uma forte tensão emocional), necessita de encontrar calma.
Por outro lado, para o cão que sofre ou que foi vencido, a zona de isolamento confunde-se com a de agressão e qualquer intruso, seja ele quem for, será severamente admoestado pelo ocupante do seu lugar. Assim, todos os proprietários devem saber que nunca se persegue um cão que se retira para o seu cesto ou para o seu canto preferido depois de ter sido repreendido (mesmo se se considerar o castigo insuficiente). A infracção desta regra significa expor-se a ser mordido, o que se deve considerar como expressão de um profundo mal-estar sofrido pelo cão agredido desta forma.
Por outro lado, um cão doente que se refugia no seu cesto não se deve tratar de uma forma demasiado seca, sem preâmbulos. Há que se aproximar dele com uma voz suave e tranquilizadora, inclinar-se até ficar à sua altura sem tentar olhá-lo nos olhos. Se ele começar a ter convulsões, a tremer e a virar a cabeça, saiba que está a tentar dizer-lhe que quer impedir que se aproxime dele.
A importância da zona de isolamento
Convêm recordar aqui que o território está normalmente organizado em zonas, tendo cada uma das quais uma função precisa. A zona de isolamento, por exemplo, é extremamente importante para o equilíbrio emocional do cão. Com efeito, essa zona é o lugar para o qual o animal se retira em caso de perigo ou de conflitos que ele não conseguiu resolver a seu favor. A sua localização é escolhida pelo cão em função do grau de segurança que lhe proporciona. É evidente que a categoria social e o equilíbrio emocional do cão influenciam esta escolha. Os dominados e os ansiosos tentam furtar-se por completo à vista dos restantes membros do grupo familiar, enquanto, os dominantes e os indivíduos estáveis se mostram muito menos difíceis neste aspecto. Contudo, acontece muito frequentemente ser o dono quem decide a zona de isolamento (ou o local de descanso) do animal, fazendo-o em função de contingências meramente humanas. Por vezes esta maneira de actuar pode ocasionar problemas e, se o dono não tem em conta determinadas necessidades do animal, pode acontecer que este vá dormir num sítio diferente daquele que se lhe tinha destinado.
A zona e isolamento deve proporcionar segurança, pelo que muitos cães encontram refúgio ideal debaixo de uma mesa.
...e do seu acesso
Há, portanto, que respeitar algumas regras. Depois de ter descartado todos os lugares que possam ter um valor hierárquico (quartos, corredores, sofás, cadeirões, etc) há que ter em conta que o facto de ter um tecto logo acima da cabeça tranquiliza o cão. E por esta razão que estes animais gostam tanto de dormir debaixo das mesas, numa casota, num cesto (no caso de pequenas raças, claro), etc.
Mas de nada servirá encontrar um bom local de isolamento se as suas condições de acesso forem impedidas para a tranquilidade do animal pois, quando este se retira para o seu canto após ter sofrido uma agressão ou quando está doente, sofre ou tem necessidade de dormir (o momento de dormir é precedido por uma forte tensão emocional), necessita de encontrar calma.
Por outro lado, para o cão que sofre ou que foi vencido, a zona de isolamento confunde-se com a de agressão e qualquer intruso, seja ele quem for, será severamente admoestado pelo ocupante do seu lugar. Assim, todos os proprietários devem saber que nunca se persegue um cão que se retira para o seu cesto ou para o seu canto preferido depois de ter sido repreendido (mesmo se se considerar o castigo insuficiente). A infracção desta regra significa expor-se a ser mordido, o que se deve considerar como expressão de um profundo mal-estar sofrido pelo cão agredido desta forma.
A zona de isolamento é uma fortaleza inexpugnável e a recepção que o seu ocupante dirige aos estranhos é bastante fria. Por essa razão, convém tomar todas as precauções possíveis quando nos aproximamos de um cão que está doente e que foi refugiar-se no seu cantinho.
Por outro lado, um cão doente que se refugia no seu cesto não se deve tratar de uma forma demasiado seca, sem preâmbulos. Há que se aproximar dele com uma voz suave e tranquilizadora, inclinar-se até ficar à sua altura sem tentar olhá-lo nos olhos. Se ele começar a ter convulsões, a tremer e a virar a cabeça, saiba que está a tentar dizer-lhe que quer impedir que se aproxime dele.
Detenha-se, pois a sua insistência poderia provocar uma reacção de agressividade devida ao medo. Depois de ter interrompido a sua aproximação inicial, tente acalmá-lo adoptando posturas de convite à brincadeira (para isto dê pequenas palmadas nos joelhos inclinando várias vezes a parte superior do corpo para a frente) e não passe daí até que o cão adopte posturas que indiquem que se acalmou.
Os cães que são frequentemente agredidos na sua zona de isolamento poderão desenvolver uma hiper-agressão secundária se as dentadas chegarem para afastar os intrusos, ou pelo contrário cair numa depressão se a táctica inicial não der resultado.
Os cães que são frequentemente agredidos na sua zona de isolamento poderão desenvolver uma hiper-agressão secundária se as dentadas chegarem para afastar os intrusos, ou pelo contrário cair numa depressão se a táctica inicial não der resultado.
20 comentários:
Maria Paula, Fabuloso este teu artigo! Aproveitei e li a primeira parte também. Informação preciosa que todos os que têm cães deviam saber ;) resolvia e prevenia muitas situações de conflicto e que normalmente são traumáticas para os animais.
...quantas situações eu tive a nivel de treino em que no fim pensava sempre ...quem precisa de ser treinado é o dono, o cão sabe tudo lol
Bjos de luz
Desculpem o comentário padronizado, não tenho este costume, mas ainda tenho que linkar muitos amigos no blog novo.
MUITO obrigada pelo carinho e pelo incentivo que vocês deixaram, isto foi muito importante pra mim, de verdade.
Ótimo final de semana, beijos.
Mª Paula, hei-de visitar esta tua "label" de comportamento muitas mais vezes, adorei, fantástico...agora tenho que correr e, a pensar como se podia fazer chegar a esta informação a mais e mais gente.
Bom domingo.
Olá Siala,
Bem-haja. Pesquisando nos meus "books" e enciclopédias, :-)
"quem precisa de ser treinado é o dono, o cão sabe tudo"
Tenho pensando nisso pois também sou dona e aprendo com eles...alias ponho-me muitas vezes como observadora de comportamentos e apenas vou confirmando o que os outros escreveram...
Beijo grande
Jeanne,
Disponha sempre, para expandi o seu trabalho.
Beijo e abraço
Ana Cristina,
:-) Muito obrigado. Pequenas constatações ao vivo que vivencio, e como disse à Siala, constatar o que vão escrevendo na literatura! :-)
Não te canses a correr, lol, pois nem todos gostam de animais, nem todos os têm e nem todos estão abertos à informação...
Hoje andei por perto de ti, em passeio de família! :-)
Bom resto de Domingo. Bjs
Olá Paula,
Muito educativo este teu post...
Agora percebo muita coisas as quais não me tinha apercebido...
Bjinho
É muito gratificante esta informação!
Muitas vezes, eles tentam ensinar-nos algumas coisas, mas andamos distraidos!
Eu percebo agora,que vou ter de saber lidar com os ciumes da "FI".
Se é que me entendes!!!!lol
E aqueles animais que dormem com os donos? Eu, por exemplo, gosto de dormir com o Óscar. Ele coloca o seu focinho no meu pescoço e assim ficamos, pelo menos uma boa meia hora, até que ele se cansa ou eu me viro e ele vai para o chão...
Algum problema??? lol
Jinhos
Ana Cavaca,
Desculpa a demora mas hoje fui ao Porto, levar o mano e andei distante do computador.
:-) Gosto quando as pessoas gostam, porque assim passou a mensagem e ficou retida!
Bem-haja amiga.
Beijo
Caty,
Lol lol lol entendi!!!
Agora e mais daqui uns tempos!!!!
Beijo
Joel,
Nenhum, desde que saibas assumir o post mais alto da hierarquia! :-)
Tenho uns dos meus que gostam de fazer a volta, mas fazem com tu...
Mas as vezes, por pressentirem a "minha neura" nem se aproximam e ficam nos seus lugares de isolamento!
Nós também temos os nossos, e eles fazem-no melhor do que nós: respeitar!
Beijo
Et bein oui!!!
Bom dia MP*
Gostei mt desta informação, sem duvida temos mt que aprender, e eles têm mt para ensinar.... Continua Força *)
Beijocas
Maria Paula
Nem imaginas como estou agradecido pelo belo comentário deixado à Tereza e ao seu lindo texto, lá no meu blogue. E o quanto isso me alegrou o coração.
O convite chegará. Há todo o tempo do mundo.
Abraço.
Paula
No Cova, na barra da direita, está la a secção «Vozes Sábias». Procura o teu nome, por favor. Beijos.
Oi Bruna!
Há já uns dias que não nos vemos, lol
Mamã de folga e voltei à cozinha!!!! :-)))
Apanhei-lhe o jeito nas férias e comida sã é divinal!
Ainda bem que gostas. Repara onde o Lilo e a Lala têm o seu retiro de isolamento... Será que têm???? hummmmm
Creio que devem ter, lol lol lol
Beijo grande
António,
Mereces tudo isso amigo!
Alegria é viver na plenitude da nossa criança interior! :-)
Sejamos criança todos os dias...
Esperarei o convite! Ter paciência, é uma qualidade que tenho vindo a "domar" aos pouquinhos! :)
Kiss kiss
António,
O Cova ficou com mais luz assim!:-))))))
He he he he he
Grazzie. Kiss kiss
Estás em grandes minha amiga, estes dois textos estão um must, percebi muitas coisas que não entendia, um tesouro!
Beijinhos
Sam,
:-) A entrar no ritmo, ;-)
Obrigado minha linda amiga.
Beijo
PS: Sabes que vou conhecer a Ana Cristina no próximo domingo? ;-)))))
Enviar um comentário