07/12/2008

A HISTÓRIA DE VIDA DA "PIMPIM"


Se muitas vezes pensamos que há animais que nascem sob mau infortúnio, ou para sofrerem, ou uns, mais afortunados que outros, responderia que sim. No entanto, todos nós sabemos, por já o ter passado, que é no sofrimento que afloramos estados de consciência, que até então, se encontravam, "camuflados", por momentos mais gloriosos.
A história da "Pimpim", uma cadela Beagle, é uma verdadeira história, e escola de "passagem pelo sofrimento". Nascida entre mais 4 irmãos, conheceu a clínica, por motivos de doença. O diagnóstico na altura, sombrio e constrangedor pois ela e os irmãos padeciam de Parvovirose, doença vírica, mortal e de prognóstico reservado. De entre os 5, houve uma baixa. Na altura a "Pimpim" por ser uma das mais pequenas e franzida da ninhada, foi a última a recuperar.


Passado 1 mês, voltou com um quadro neurológico, grave: poliradiculopatite idiopática que lhe afectariam em poucos dias, os 4 membros. A "pimpim" estava praticamente tetraplégica. Movia -se apenas com a sua cabeça frágil, de uma cachorra de apenas 4 meses.


Valeu nessa altura, a abertura e insistência do dono em continuar o tratamento, lento e incerto pela patologia em causa. Mas a "Pimpim" não ficou alheia aos sentimentos do "staff" clínico e de todos os donos que a vieram a conhecer, na sala de internamentos, aquando das visitas aos seus doentes. Lá se encontrava ela, de olhos tristes e brilhantes no seu aconchego. Tantas vezes passei tempo com ela, tentando imaginar e sentir o que os seus olhos tentavam exprimir...uma certeza, porém, sentia...não era de desistir. Na altura, também foi imprescindível a presença da minha sobrinha,Clarisse, que, encantando-se com a "Pimpim" proporcionou-lhe autênticas aulas de fisioterapia e reeducação motora.







A "Pimpim", lentamente indiciava aos poucos, alguma melhoria. Foram quase 2 meses, de fortíssima medicação (incluindo morfina, por causa das dores) e cuidados específicos. Tempo que para a maioria das pessoas, teria tido um fim prematuro, como podem imaginar.
A mim, foi reconfortante, falando em termos profissionais, pois acompanhar uma doença (e incertezas também) mais tempo, todos nós, colegas, ansiamos por isso. Quando ajudados pelo dono, melhor. Ao longo de todo o tempo de convalescença, sofrimento e dor foram uma constante. Tempo, também... uma ansiedade por cada dia passado, perspectivando melhoras.
Aos 52 dias do seu segundo internamento, a "pimpim", começava a deambular pelo consultório adentro... O pior já tinha passado!



Lembramo-nos bem o belo grito de alegria que a Clarisse manifestou por tal acontecimento. Todos nós ficamos radiantes.



Desde esse dia, as melhorias eram galopantes, a "Pimpim" recuperava a olhos vistos. Aos 3 meses de "hospedagem" aqui, e por motivos de "alta clínica", chegou o dia da partida. Por detrás de toda essa tensão, e não obstante a nossa alegria de vê-la recuperada, nunca imaginaríamos o que nos esperava: o dono, César e amigo também, doou-nos a "Pimpim" afirmando que a Princesa ("Pimpim") estava no lugar que pertencia a uma verdadeira princesa! Os choros de tristeza pelo quais todos passámos se transformaram em verdadeiro estado de júbilo.
A "Pimpim", ficava! A Clarisse tornou-se a sua dona. Hoje, ela representa o verdadeiro "cartão de visita" aos internados, ajudante de recuperação a muitos deles, por ser amável com todos.

Hoje, ninguém fica indiferente à história dela. Também posso, ou podemos afirmar, que ninguém fica indiferente à ela. O "anjinho" que mostrara ser em pequena, depressa se esnaveceu. Hoje apelidamo-la de "monstrinho", tão grandiosa é a lista de estragos: canetas, molas, calçado (muito calçado), pen-drive, web-câmara, head-phones, óculos, baldes, sacos, pás, colheres, cobertores, arbustos, comida (dos outros); tudo o que possam imaginar ao alcance da arcada dentária dela, num pequeno minuto que possamos "virar-costas"...

Brinquedos com ela? Esgotaria a mesada de muitos e nós...


Mas, se dizem os pais, que os filhos são imprevisíveis, sem no entanto deixarem de os amar, não é somente por esses pequenos inconvenientes que nos façam gostar menos dela. Sem essas surpresas inerentes à sua própria individualidade e força de vontade em ter vencido na vida, a "Pimpim" não teria de certo, enchido de alegria, os nossos dias.


Uma verdadeira lição, onde tudo passa, mesmo o sofrimento...


Obrigado César, pela dádiva.


28 comentários:

Ana Cristina disse...

Hoje quem me fez chorar foste tu, a história da Pimpim é linda, eu daquelas que chora como National Geographic channel.
Beijo

princesaesquimo disse...

Adorei a História da Princesa Pimpim e ainda mais porque é real. Estas hitórias são mais frequentes nos livros.
Beijocas para a Pimpim e para todos vocês que a ajudaram na sua recuperação.
Estas são as coisas maravilhosas da tua profissão.
Beijinhos

Anónimo disse...

Olá!!

Que linda história de coragem e muito sofrimento!! Quem a viu e quem a vê. A Princesa deve estar muito agradecida pela ajuda da dona Clarisse e pela Dra.
Só foi pena não a ter ensinado a roer tanto:))))

Bjs e até amanhã

Maria Paula Ribeiro disse...

Olá Ana Cristina,

Deve ser das nossas luas. Emoções ao rubro.:(
A história da "pimpim" é uma das mais marcantes que por aqui passaram...

Beijo

Maria Paula Ribeiro disse...

Olá amiga Sam,

São pequenos milagres que surgem e nos fazem acreditar naquilo que fazemos ou naquilo a que somos destinados.
Beijo

Maria Paula Ribeiro disse...

Susy,

Estiveste sempre presente no antes, durante e depois. Só te posso agradecer a tua parte.
:) roer? É para te obrigar a arrumar as coisas! lol lol
Beijo e até mais logo. :=)

Fada Moranga disse...

Taaaooo linda! Ja tinha reparado na Pimpim e na historia da recuperacao com fisioterapia. maravilhosa historia de encantar! :-)
Um grande beijo* para toda a equipa e Pimpim!

Anónimo disse...

Bom Dia Paula

Bela historia de coragem.Nunca desistir...!
Hoje lá vou eu com os meus meninos..!ate logo...!

Anónimo disse...

Olá Paula,
Como sabes tenho uma ternura especial pela Pimpim, tem um olhar santinho mas sei que é um diabinho, uma roedora fenomenal...para desespero da dona...eheheheheh
Sabia que ela tinha estado tetraplégica...mas não conhecia toda a sua história clínica...gostei muito de saber...facto que ainda veio aumentar a minha admiração por ela sobretudo vendo o seu sofrimento e a sua luta pela vida...
Ah e claro amiga que tu já sabes mas felicito-te mais uma vez por todo o trabalho que desenvolves...o que seriam dos animais sem ti!!!
Bjs

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Fada,

Muito obrigado,
Como disse, ninguém fica indiferente "Pimim".
Beijo

Maria Paula Ribeiro disse...

Bruna,

Foi uma das lições que tirei: não desistir, embora o tenho pensado.
Cá te espero a ti, e às tuas feras, qe me parece que têm algo em mum com a "Pimpim" :)

Beijo

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Ana Cavaca,

:=) obrigado. São os tais milagres que algumas vezes nos batem à porta.
E nos fazem acreditar.
Beijo

Unknown disse...

MaryPaula

Ontem estive longe do computador e só hoje pude ler esta história fantástica e comovente. Fiquei emocionado com o teu relato. Já tinha reparado no olhar da Pimpim.
Muito agradecido. Beijinhos.

Anónimo disse...

courrage pimpim j arrive para te fazer ceance de mise en forme
tage gordaaaaaaaaaaaaaaaaaaa ,a tua dona date boa croqettes hi hi hi hi
bolosse +5
beijos

Maria Paula Ribeiro disse...

Olá António,

Obrigado eu,

A "Pimpm" mexeu com muita gente e preconceitos.
Foi ela que venceu, e ainda bem.
Beijo

Maria Paula Ribeiro disse...

Bolosse +5,

Com que então chamas-se César? Pensas que ninguém sabe que és o Patrick?
Eu sei que a "Pimpim" só emagrece quando cá estás; por isso põe-te a andar rápido antes que não se mexa,lol

Ahhh e não te esqueças que por ser a tua filha, a dona, te esquivas dos prejuízos!!!!!(os meus lindos óculos!)

Quem ri por último,ri melhor,

Beijos, bolosse.

Anónimo disse...

Olá Maria Paula que linda história de amor e sofrimento.Fiquei encantada com a Pimpim, ela é uma cadela muito linda.Beijinhos.

Maria Paula Ribeiro disse...

Olá Maria de Fátima,

Há animais especiais, sem dúvida que a "Pimpim" é uma delas.
Beijinhos e obrigado

Anónimo disse...

Mesmo conhecendo a história, é impossivel ficar indiferente!!!
Na lista de "danos roidos" falta o Winnie the Pooh da minha Zolita que ficou sem nariz.
Grande força...
Beijinhos MV

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Miguel,

:=) e a lista expande...
Eu acho que a "Pimpim" tem uma matraca trituradora, envolto por um carinho desmedido...
Beijnhos aos 2 e à Zolita.

Anónimo disse...

Olá Mary Paula

Aqui estou eu depois de uns dias de ausência.
Andei nas astrologias e agora já estou despachada. Bem ou mal já está.
Adorei conhecer a Pimpim e a história dela. Deve ser muito gratificante para ti teres consiguido salvá-la!
A mim esta história tocou-me muito.

Beijinhos

Adelaide Figueiredo

Maria Paula Ribeiro disse...

Viva, Adelaide,

É bom saber-te presente.
A "Pimpim" é especial.

Quando um dia vieres a conhecê-la, entenderás o que quero dizer.

Eu só fiz o meu papel. Ela é a grande vencedora! :) Nos bastidores, venceu e bem!
Um beijo grande para ti

Joël Pinto disse...

Olá Paula.
Só falta aqui mesmo o meu comentário, não é?
Se dúvidas havia de que és uma maga para os animais aqui na terra, com a história de coragem da Pimpim, elas desvaneceram-se todas.
Ainda bem que não deixaste morrer os teus sonhos e foste à luta por eles e te dedicas de corpo e alma a tudo o que fazes.
Quando à questão de ela roer tudo o que lhe aparece à frente, encara isso como um sinal de agradecimento da parte dela, pela vida que lhe restituíste. Se calhar, e agora que o Natal está à porta, uns ossinhos (daqueles bem grandes para durarem muito tempo) é uma prenda que ela ia adorar!!

Beijinho grande.

Maria Paula Ribeiro disse...

Joel,
Pois é, faltavas cá tu....
Emocionei-me com as tuas palavras; obrigado amigo.

Defina lá isso melhor de muito tempo para a "pimpim", que eu acho que é demasiado acelerado o tempo dela, lol lol

Beijo

Joël Pinto disse...

lol
Ela agora tem que compensar todo o tempo que esteve sem fazer nada.
Se, por exemplo, ela em 4 meses roesse 2 pares de chinelos, é normal que agora num só mês queira roer 8...
Alguém se tem que chegar com a carteira à frente...

Maria Paula Ribeiro disse...

Joel,

Ela roí um bâton de cieiro num minuto... Chinelos, lol lol lol....
Beijinhos

Fada Moranga disse...

A linda Pimpim fez-me lembrar a minha linda amiga Velvet, tambem uma sobrevivente gracas ao amor da dona. Vivam as nossas amigas cadelinhas! :-)
Um grande beijo*

Maria Paula Ribeiro disse...

Fada,

Vivam elas, por muitos anos!
:) Um beijo grande

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