22/01/2009

AS DEPRESSÕES DO CACHORRO - PARTE I

Para o cachorro se tornar num adulto equilibrado, é indispensável proporcionar-lhe boas condições de desenvolvimento. A falta delas poderá originar-lhe graves depressões e, mais tarde, longos e inúteis sofrimentos.

Ainda que raras, felizmente, as depressões do cachorro são sempre graves. Uma vez que afectam um organismo em pleno desenvolvimento físico e psíquico, acarretam dificuldades que são muito sérias para o futuro adulto. As primeiras semanas de vida de qualquer cão são marcadas pelo desenvolvimento neonatal do tecido nervoso, bem como pela carga em memória das características sensoriais do meio. Este verdadeiro banco de dados permitirá ao adulto «filtrar» as informações provenientes do exterior sem que o seu organismo tenha de estar sempre a reagir, esgotando-se. Essa função, que possibilita a selecção dos estímulos, chama-se homeostase sensorial e é graças a ela que o animal consegue manter o seu equilíbrio psíquico e emocional.

É da qualidade dos vínculos que unem à mãe (e por vezes com o pai como é o caso da "Canopa" na imagem) que em grande parte depende a estabilidade emocional do cachorro. A cadela é não só o referente morfológico a partir do qual o jovem elaborará a imagem do congénere como também o guia indispensável para dar os primeiros passos na vida.

DAS FOBIAS À DEPRESSÃO


O cachorro criado num meio muito pobre em estímulos é incapaz de se adaptar correctamente a um meio normal. Se for submetido a estímulos completamente novos para ele, pode ter reacções emocionais que perturbam todos os sistemas de controlo. A repetição desses estímulos engendrará respostas de crescente intensidade, que se traduzem na desorganização das reacções comportamentais; diz-se então que há uma «sensibilização».
Se a quantidade de estímulos desconhecidos não for demasiado importante, o animal desenvolverá fobias e mesmo ansiedade. Mas se essa quantidade for elevada ou se a repetição das situações desconhecidas for demasiado frequente, pode cair num estado depressivo. Ao princípio, este é uma reacção de protecção do sistema nervoso, mas o contexto patogénico leva-o espontaneamente a um estado depressivo irreversível, surgindo uma síndrome de estádio 3.

A DEPRESSÃO DE ABANDONO

Há outros dois dados que são essenciais ao desenvolvimento harmonioso do cachorro; o amor materno e a impregnação. Entre o cachorro e a mãe estabelecem-se laços afectivos muito poderosos, que têm sobre ele um papel de estabilizador emocional. Esta relação faz com que ele se sinta seguro perante o meio.
Além disso, a mãe é o referente morfológico a partir do qual se faz a impregnação, entre as três e as oito semanas. A imagem do congénere e, por conseguinte, a da futura companheira sexual constroem-se a partir da forma materna (olfactiva, visual, táctil, etc.). É a mãe que inspira, guia e inicia as mímicas emocionais, a comunicação e a vida social.
Por conseguinte, a ruptura ou a inexistência desse amor implica carências importantes no equilíbrio do cachorro e, devido à falta do indispensável ponto de referência, impede qualquer interacção dele com o meio e, por isso, toda a possibilidade de uma homeostase sensorial correcta.

O cachorro privado da mãe demasiado cedo não tem qualquer ponto de referência; por isso, não conhece as regras da comunicação, que não pôde aprender. Talvez seja o caso do Nevão, que é a viva imagem do desamparo.

O mais grave é que esta ausência de comunicação isola por completo o cachorro do exterior; como não pode emitir mensagens, é constantemente agredido por perturbar os outros e não saber como inibir a sua agressividade, como, por exemplo, através da submissão.
Esta patologia, que se chama «depressão de abandono», é uma das mais graves de que pode sofrer um cão. O tratamento é longo e difícil e escassas as possibilidades de cura. Por isso é que a prevenção destas doenças comportamentais se deve tornar o objectivo primordial de todos os criadores.

19 comentários:

Ana Cristina disse...

Maria Paula, muito interessante e, tão idêntico a nós humanos, é um lugar comum mas há animais TÃO HUMANOS.

Unknown disse...

Muito importante, este texto. Muito obrigado por partilhares connosco.

Beijikas

Maria Paula Ribeiro disse...

Ana Cristina,

:-) "mas há animais TÃO HUMANOS"
Como eu te entendo! Muito mesmo...

E neste mundo de medicina veterinária, há tantas e tantas semelhanças com os humanos, linda. Pena, que nestes últimos seja o ego a complicar, não é?

Beijinhos

Maria Paula Ribeiro disse...

António,

Alguém disse hoje uma verdade bem verdadeira: "Como muito bem sabe, estudar astrologia significa também, ler muito, de muitas outras disciplinas... Conhecer a vida, tê-la vivido e gostar de viver..."

Então cá estás... ;-) LOL

E com muito gosto, partilho!

Beijinho

Anónimo disse...

Obrigado linda por nos elucidares tão bem...
Beijocas

Maria Paula Ribeiro disse...

Ana Cavaca

De nada amiga, eu é que agradeço a tua presença, sempre pontual!

E isso, MOTIVA!

Beijinhos

princesaesquimo disse...

Mais uma vez um texto muito interessante amiga. Fez-me lembrar o puppy que sempre achei que tinha algum problema psíquico, pois por diversas vezes nos atacou sem que houvesse razão para tal, estava quieto, transformava-se e atacava-nos, pedia desculpa logo de seguida. Se bem que eu acho que isto ainda é mais grave do que o que descrveste, acho que ele deve ter ficado assim precisamente pelo que aconteceu logo após o nascimento (que eu não sei o que foi), pois apanhei-o na estrada abandonado, já devia ter uns 15 dias. A foto da canopa é quase igual a ele.
Beijinhos grandes

Anónimo disse...

Oi Minina Paula!
Tenho uma boa noticia: O meu pai ja falou com o Dr. e ele ñ se opôs, "que ñ havia qualquer problema e q somos colegas e já trabalha-mos juntos!"
Por isso considera-te uma Futura companheira Rotária!!!! ;)

Agora vou ler o teu post!
Ate já...:)

Anónimo disse...

Oi minina!! Outra vez ;)

Não fazia ideia que podessem sofrer assim! Realmente um dia li um fasciculo que os cães qd abanam a couda nem sempre significa que estão felizes pelo contrario, mas tb ás vezes conseguimos ver a tristeza deles!
Pensando melhor, com a lala e lilo, vai ser complicado qd tiverem de se separar, eu preferia telos sempre os dois, estam sempre a brincar e nao se sentem tão sozinhos!

Beijocas
Continua a escrever assim....!

Anónimo disse...

Oi outra vez
Eu esqueci-me da data daquilo que combina-mos!Podes dizer-me?

beijocas

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia Sam,

É natural esse comportamento num cachorro que foi abandonado tão cedo.

Para além do abandono, deve ter havido, também, problemas nutricionais. A fobia manifesta-se por agressividade.

A Canopa (Vem de Canopus, lol achei giro) é igual, igual ao pai! So umas pequenas manchas fora do sítio.

Jinhos grandes par ti também amiga
Outra à princesinha!

Maria Paula Ribeiro disse...

Bruna,

Excelente notícia me deste agora! ;-)
Yupi!!!!!
Um beijo grande ao meu "Padrinho"

A lala, quando chegar a altura vai ser ma excelente mãe, e pai um excelente guardião das suas crias!

Não irão sofrer as consequências deste post.

Data: 31 de Janeiro à tarde. Depois aviso-te da hora. ;-) Ou preferes domingo de manhã??? (mas acho que não)

Jinho grande amiga e obrigado!

Astrid Annabelle disse...

Maria Paula...
muito esclarecedor...
O Apolo sem dúvida tem esses problemas...foi rejeitado pelos donos e desmamado fora do tempo...me compreende como mãe...
Ao me ver, no petshop onde estava exposto para venda, ficou alucinado e só nos restou comprá-lo. Aí a Íris, já com um ano de idade adotou-o como filho e assim o criou...agora são amantes e amados!!!!lol
Adorei ler este post.
Bjkas. no coração.
Astrid

Maria Paula Ribeiro disse...

Astrid,

Amiga, ajudaste o Apolo na impregnação. Foi muito bom a Íris ter ajudado. O Apolo passou por um processo de cura! :-)

Sempre feliz pela tua vinda.

Obrigado e beijo XL

Anónimo disse...

Olá Maria Paula não sabia que os cães também podiam ter depressões.Beijinhos e bom fim de semana.

Maria Paula Ribeiro disse...

Mimi,

Amiga, então fico contente por ficares a saber. :-)
Beijinhos e para ti também, um excelente fim de semana.

Por aqui não deverá ser pois estamos com uma tempestade e vento e chuva...

;-(

Anónimo disse...

Olá amiga

Tarde mas cá vim ler este post que nos diz tanta coisa interessante para podermos ajudar e compreender os nossos amigos de 4 patas. Eles também sofrem como nós humanos.

Obrigada pela lição.

Beijinhos e bom fim de semana.

Adelaide Figueiredo

Maria Paula Ribeiro disse...

Adelaide,

E mais logo terás para ler a parte II
:-) obrigado

Agora vou a uma sesta que hoje dá-me para dormir, lol :-)

Beijinhos

Cecília disse...

oi,
ja vi que este post ja nao é recente... mas so agora o vi. A primeira foto chamou-me a atenção... tenho tantas saudades da minha Clarinha :-(
bjs

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