A depressão de abandono pode afectar o cachorro pequeno logo na primeira semana de vida; demasiado quieto, incapaz de ter qualquer contacto físico, não brinca e os ruídos põem-no em pânico. O tratamento, que dura seis a oito meses, combina quimioterapia e terapia cognitiva e deve começar o mais cedo possível.
A depressão de abandono é uma das mais graves patologias que podem afectar o psiquismo do cão. É também a que se manifesta mais precocemente, uma vez que os seus primeiros sintomas podem ser observados logo na primeira semana de vida. Assim, é essencial prevenir a doença ou, se tal não for possível, atalhá-la com a maior rapidez.
UM CACHORRO DEMASIADO TRANQUILO OU ASSUSTADO
É costume os cachorros que sofrem de depressão de abandono serem levados à consulta demasiado tarde. Como são tranquilos e não cometem nenhuma das travessuras típicas da infância canina, os seus donos não vêem razão para os levar ao veterinário. E no entanto, dada a sua sintomatologia característica, a depressão de abandono diagnostica-se sem dificuldade. A aparente tranquilidade do cachorro, que se mexe pouco e não é facilmente estimulado pelo meio, pode ser o primeiro sinal de alarme. Mas o que é de acto decisivo são os seguintes cinco sintomas:
- Impossibilidade de criar qualquer laço com o olhar (o cachorro está sempre a desviar os olhos);
- Imobilidade total da face, com ausência das mímicas faciais emocionais características da espécie;
- Impossibilidade de contacto físico, que leva os cachorros a uivarem quando se lhes pega ao colo (mantendo a face inexpressiva);
- Hipersensibilidade aos ruídos, que na maior parte dos casos desencadeiam reacções de pânico;
- Total ausência de sequências de jogo.
Além destes existe ainda um outro sintoma, que os donos bem informados detectam logo no nascimento: a anorexia. Os recém-nascidos recusa-se a mamar e têm de ser alimentados a biberão. Embora a anorexia pareça desaparecer espontaneamente em cerca de quatro semanas, o apetite dos cachorros nunca é muito grande e o seu crescimento é inferior ao normal.
A DECEPÇÃO DOS DONOS
É raro que todos estes sintomas levem a procurar o veterinário. Em geral, estes cães só são levados à consulta entre os seis e os oito meses, pois é impossível levá-los à rua e todas as tentativas nesse sentido acabam numa crise de pânico e no regresso apressados a casa. Neste estádio, há que fazer um diagnóstico diferencial da síndrome de privação.
O veterinário deverá estar muito atento, pois, como é difícil criar um laço com estes cachorros, os donos costumam sentir uma certa decepção afectiva que pode levá-los a renunciarem a tratar um cão que, afinal de contas, «não vale a pena».
Em qualquer caso, o tratamento exige muita paciência e uma grande confiança do veterinário. De facto, os primeiros resultados latentes não se revelam antes das seis a oito semanas posteriores ao início de cura e é durante este período que se dão os fracassos, devido à desistência dos donos.
UMA TERAPIA BEM COMPREENDIDA: OS MEDICAMENTOS E O JOGO
Este tratamento baseia-se na associação quimioterapia-terapia cognitiva. Num primeiro tempo, o animal é apenas medicado com ansiolítico e um antidepressivo não sedativo, graças aos quais poderá interagir com o seu meio e captar informações sem reagir com medo.
A terapia cognitiva inicia-se quando aparecem indícios de comportamento exploratório. Esta consiste principalmente no jogo, um dos principais factores de elaboração cognitiva em todos os mamíferos. Durante os jogos tentar-se-á provocar contactos físicos abertos com o cachorro. Por outras palavras, quando o animal vier ao contacto com os donos, estes nunca devem pegar nele, apenas lhes passarão os braços em volta quando ele prolongar o contacto por sua própria iniciativa. Devem ser associados a jogo, objectos que façam ruído.
Por último, e está nisto o seu principal interesse, os jogos ensinarão o cachorro a utilizar o corpo para comunicar.
Assim que se instalar um contacto físico bem definido com o dono, provocam-se situações de imposição, que só suprimem «a troco» de algum gesto ou postura. É assim que o cachorro vai adoptar os rituais de comunicação.
Na prática, sempre que se aplicar e respeitar o tratamento, o dono verá estabelecer entre ele animal e o animal uma relação muito forte, de uma intensidade muito maior do que com outro cão qualquer.
Para o criador, a essência da prevenção está na escolha das fêmeas reprodutoras, que não devem ser demasiadas jovens e, acima de tudo, têm de estar perfeitamente socializadas.
Se se recusarem a ocupar-se dos seus cachorros, os criadores (os pais de substituição) têm de ter presente que o cachorro não só necessita de comida como também de contactos, estímulos e acima de tudo de afecto.
Embora deixe o dono em paz, o cachorro que não brinca, que passa horas inteiras no seu cesto sem se interessar por nada o que acontece à sua volta e ao qual se tem de enfiar comida pela boca abaixo para se alimentar, tem um comportamento absolutamente anormal. É fundamental intervir de imediato se se quiser que o animal venha a ter uma vida normal
A DECEPÇÃO DOS DONOS
É raro que todos estes sintomas levem a procurar o veterinário. Em geral, estes cães só são levados à consulta entre os seis e os oito meses, pois é impossível levá-los à rua e todas as tentativas nesse sentido acabam numa crise de pânico e no regresso apressados a casa. Neste estádio, há que fazer um diagnóstico diferencial da síndrome de privação.
O veterinário deverá estar muito atento, pois, como é difícil criar um laço com estes cachorros, os donos costumam sentir uma certa decepção afectiva que pode levá-los a renunciarem a tratar um cão que, afinal de contas, «não vale a pena».
Em qualquer caso, o tratamento exige muita paciência e uma grande confiança do veterinário. De facto, os primeiros resultados latentes não se revelam antes das seis a oito semanas posteriores ao início de cura e é durante este período que se dão os fracassos, devido à desistência dos donos.
UMA TERAPIA BEM COMPREENDIDA: OS MEDICAMENTOS E O JOGO
Este tratamento baseia-se na associação quimioterapia-terapia cognitiva. Num primeiro tempo, o animal é apenas medicado com ansiolítico e um antidepressivo não sedativo, graças aos quais poderá interagir com o seu meio e captar informações sem reagir com medo.
A terapia cognitiva inicia-se quando aparecem indícios de comportamento exploratório. Esta consiste principalmente no jogo, um dos principais factores de elaboração cognitiva em todos os mamíferos. Durante os jogos tentar-se-á provocar contactos físicos abertos com o cachorro. Por outras palavras, quando o animal vier ao contacto com os donos, estes nunca devem pegar nele, apenas lhes passarão os braços em volta quando ele prolongar o contacto por sua própria iniciativa. Devem ser associados a jogo, objectos que façam ruído.
Por último, e está nisto o seu principal interesse, os jogos ensinarão o cachorro a utilizar o corpo para comunicar.
Assim que se instalar um contacto físico bem definido com o dono, provocam-se situações de imposição, que só suprimem «a troco» de algum gesto ou postura. É assim que o cachorro vai adoptar os rituais de comunicação.
Na prática, sempre que se aplicar e respeitar o tratamento, o dono verá estabelecer entre ele animal e o animal uma relação muito forte, de uma intensidade muito maior do que com outro cão qualquer.
Quando não for possível evitá-la, a depressão do cachorro trata-se sobretudo com uma terapia baseada no jogo.
A PREVENÇÃOPara o criador, a essência da prevenção está na escolha das fêmeas reprodutoras, que não devem ser demasiadas jovens e, acima de tudo, têm de estar perfeitamente socializadas.
Se se recusarem a ocupar-se dos seus cachorros, os criadores (os pais de substituição) têm de ter presente que o cachorro não só necessita de comida como também de contactos, estímulos e acima de tudo de afecto.
24 comentários:
Maria Paula...querida afilhada!
Estão sendo de enorme valia estes últimos posts.
Quem tem animais de estimação não deve esquecer que são criaturas vivas com seus respectivos desafios e cabe a nós humanos a responsabilidade de ajudá-los no que for preciso.
Estou muito agradecida a você por ter a chance de aprender tanto.
Estás cá dentro....
Bjkas.
Astrid
Maria Paula, para repetir o que já disse antes fantástico. Uma pergunta estas situações só estão estudadas com cachorros? Refiro-me a gatos? Pássaros? Coelhos?
Olá Paula,
Uma vez, ainda eu era uma criança, deram ao meu pai um cachorro bébé, era um pastor alemão. Claro que eu fiquei deslumbrada e só queria estar ao pé dele, era tão pequenino!!! O cachorro, como se apercebeu da falta da mãe, chorou três dias...depois foi como se tivesse esquecido (pensei eu)e começou a despertar para o mundo, claro que eu também brincava muito com ele e dava-lhe muito carinho...pelos vistos e como tu explicaste fazia-lhe bem...
Bjs
Bom Dia:::::: Miga Paula
Muito Bom... os animais sentem e vivem as coisas tal como nós, mt gente precisava de ler estes posts, para entender mais os nossos animais em vez de os maltratar.
Ontem fui ver a exposição, o meu pai para variar fez-me ligar pa Ti, pq queria dar a noticia!(q tu já sabes)!
Tava mt fraquinha!
Mais uma coisa tenho um problema...!No dia 31 de jan tenho formação desde manha até ´ás 4 e meia da tarde, como vai ser? posso ser das ultimas?
Beijocas
brigado
Astrid,
Madrinha por excelência,
Enches-me de vontade em prosseguir...
Aprender é a minha palavra de ordem e como gosto de aprender com o meus amigos, partilho com enorme agrado o meu cantinho!
Um beijo enorme, cá dentro, lol
Ana Cristina,
Minha linda, fantasticamente agradecida.
As depressões também existem nos outros animais, claro.
Em relação aos gatos, também, com algumas alterações, pois a espécie felina é muito singular.
Entre pequenos ajustes, o comportamento extremamente EXPLORATÓRIO que lhes é peculiar, alterações em determinadas raças, associado também à própria anatomia, que difere ligeiramente à canina, podes adaptar estes posts.
Contudo, deverás incutir a impregnação mais cedo, pois as mães felinas, são extremamente possessivas, na maioria das vezes e a socialização com o humano deverá ser iniciada o quanto antes possível (desde o 1º dia), actuando aí principalmente nas sensações olfactivas dos gatinhos. Por volta dos 15 dias aquando a abertura dos olhos, já eles familiarizados com o olfacto será menos "agressivo" a novidade visual.
Em relação às outras espécies, por nós apelidadas de exóticas, também existe mas não estou tão familiarizada.
Deverá sempre, seja que for a espécie em causa, privilegiada a importância dos jogos, ruídos, e comunicação (será dento em breve o próximo post).
Beijinhos e boa semana
PS: a reunião de hoje ficou adiada por causa do mau tempo, neve outra vez!
Ana Cavaca,
Amiga, fizeste a impregnação humana.
É assim que se procede e as crianças são sempre as que melhor entendem os cachorros, na medida que também neste estádio, as crianças desenvolvem as faculdades psíquicas e cognitivas delas.
Claro que os cachorros, odeiam que elas lhes puxem o rabo! lol
Beijo grande
Bruna,
Obrigado.
Em relação à exposição, não tivemos ajuda no tempo... :( Um lapso da organização, lol
O meu Padrinho está como eu, em pulgas, lol mas que fique tranquilo, eu cá espero a chamada (espero que possas assistir)
Não há qualquer problema para dia 31, ficarás nas últimas da tarde. ;)
Um jinho grande
Oi Paula:)
Podes crer no dia da tua entrada lá estarei para gravar esse momento com mts fotos! Para claro fazeres um posts com o titulo:
"Eis a entrada marcante da Maria Paula no Rotary de Trancoso...!"
Ainda bem que dá, tou ansiosa!
beijocas
Bruna,
Pois, bem vou precisar de alguém que puxe no gatilho, lol
Obrigado, linda.
Este fim de semana vai marcar-te por muito tempo! ;-)
Obrigada pela resposta, faz sentido a minha Brux, foi abandonada e tirada da mãe antes dos 15 dias, conheci-a com 1 semana, só veio para minha casa aos 15 dias...sempre achei que ela achava que eu era mãe dela e lhe pertencia. Poucos outros humanos ela permitia festas, só a mais 1 :-)
Ana Cristina,
"achava que eu era mãe dela e lhe pertencia",
sem dúvida alguma.
E entre as festas que permitia, deverás observar a quem ela as permitia, pois há diferenças entre os sexos.
Os animais farejam as hormonas, e distinguem perfeitamente uma mulher de um homem. No teu caso , suspeito que lhe seria mais fácil aceitar o sexo masculino (por "te considerar mãe dela").
No meu caso, o Avalon é praticamente intolerante aos homens! (olha lá que suplício) e observo sempre àqueles em que ele é "mais" permissível. É o meu 7º sentido.
:-)
LOLOL só para confirmar as tuas suspeitas, era um homem :-)
Ana Cristina,
Obrigado pelo feedback ;-)
Tenho sempre mais dificuldades em acertar no euromilhão! :-(
Maria Paula,
De grande importância a leitura deste artigo, na continuação do anterior. Uma aula.
Acabei de ler a tua explica sobre os gatos. Fantástico.
António, meu mestre,
Depois de uma semana atribulada e descanso do guerreiro no fds, hoje tive casa super cheia, lol.
Vês como também aprendes aqui!:-)
Obrigado pelas palavras.
Faltam 4 post para mudar um pouco de tema. Os próximos também são muito bons e, úteis.
Jinhos
António,
E se leste o do gatos, também leste o "Avalon", lol lol lol
Ola Paula
Interessante. Uma escola ao alcance de todos os que passam por aqui. Mais uma vez obrigada por toda esta informação.
Quanto ao Avalon deu-me vontade de rir. É uma boa táctica e uma grande ajuda :)
Beijinhos
Adelaide Figueiredo
Adelaide,
:-) obrigada linda.
O "Avalon" é exímio em farejar homens, e exímios em demonstrar a sua aprovação, lol
Eu já não dispenso essa preciosa abordagem, poupa-me tempo! :-)
Beijinhos
Olá Maria Paula,
Hoje vim lhe retribuir a visita que me fez e saiba que adorei o seu espaço, viu!
Tenho um cachorro que amo muito e seus artigos são repletos de informações valiosíssimas.......
parabéns!
Muito obrigada pelo comentário de hoje lá no meu blog e também obrigada por eu poder aprender contigo, um pouco mais sobre esses seres tão formidáveis .
Com certeza voltarei sempre.
Bjs.
Isa.
Isa,
É com enorme prazer que te recebo aqui.
Desfruta da leitura, expõe as tuas dúvidas e também as tuas experiências com animais
Eu também aprendo convosco
Beijinho
Esta Pimpim eh mesmo linda!
Estas a fazer um belo trabalho, a educar-nos. Rico estagio! :-)
Beijos****a ti e todos os teus
Fada,
Muito obrigado amiga,
Gostar é meio caminho para aprender ais facilmente. :-)
Beijinhos
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