08/01/2009

MATERNIDADE: O COMPORTAMENTO MATERNAL DA CADELA - PARTE I


Por comportamento maternal entende-se naturalmente o conjunto de cuidados com que a mãe se ocupa das suas crias. Na realidade, o período que segue ao parto caracteriza-se na mãe por uma série de importantes modificações comportamentais.

Assim se associam sequências agressivas («agressão materna»), cuidados com os pequenos e comportamentos educativos. Por outro lado, observa-se na mãe um inibição da agressividade que poderia ser provocada pelos jogos incómodos dos cachorros.

INSTINTO MATERNAL?

Antes de descrever as diferente condutas que entram dentro do comportamento materno convém precisar qual é que se deve ao instinto. Costuma considerar-se com efeito, que os comportamentos próprios deste período da vida da cadela estão programados geneticamente e que só as secreções hormonais os desencadeiam. Esta ideia, admitida durante muito tempo por todos os cientistas, está amplamente questionada na actualidade. Hoje crê-se que, tanto no cão como nos demais mamíferos superiores, ainda que o determinismo hormonal ocupe um lugar importante, é indispensável a aprendizagem para que os jovens possam sobreviver. O seccionamento do cordão umbilical ou a massagem do abdómen das crias, que garantem a vida da ninhada, são actos que a jovem mãe realiza imitando as outras cadelas, pelo menos quando lhe é possível. Assim, os especialistas sabem que é necessário assistir as cadelas que parem pela primeira vez e ensinar-lhes como tratar os recém-nascidos. Em geral, a primeira camada é dizimada por um certo número de afecções imputáveis a descuido da mãe. Mas parece que a cadela aprende com esta triste experiência; e assim, a mortalidade dos recém-nascidos poderia ser um elemento motor essencial na educação da cadela; produzir-se-á então a mesma situação que se encontra noutros mamíferos, em particular em certas espécies de macacos.

AGITAÇÃO E INQUIETAÇÃO

Quando se aproxima o parto, a cadela dá mostras de uma grande agitação (em particular se é o seu primeiro parto) e mostra-se muito inquieta. Neste sentido, não é raro ver certas cadelas que vão a aconchegar-se nos braços dos donos e não querem sair daí (esta conduta está relacionada com os transtornos do comportamento materno). Durante os dias que precedem ao nascimento, a futura mãe ocupa-se normalmente do acondicionamento do covil. Parece que essa atitude obedece em grande parte a um mecanismo hormonal. Este tipo de comportamento pode também produzir-se em caso de pseudogestação.

CUIDADO COM A CADELA!

As cadelas de uma matilha afastam-se do grupo para trazer ao mundo os seus cachorros e então tornam-se agressivas e ameaçam quantos se acerquem do covil. Este comportamento, que depende completamente da progesterona (hormona sexual segregada pelo ovário durante toda a gravidez), pode manifestar-se inclusivamente contra os donos.
Quando nascem os primeiros cachorros, a mãe ocupa-se deles. Como Lorenz havia suposto, parece que são as formas arredondadas dos cachorros que inibem a agressividade materna para com eles. Durante este período, é tão grande o apego das cadelas às suas crias que muitas delas deixam de alimentar-se e perdem muito peso.


AS BRINCADEIRAS E A EDUCAÇÃO

Assim que o sistema nervoso dos cachorros está suficientemente desenvolvido, estes podem seguir a mãe para fora do covil; esta participa então nos jogos dos seus rebentos, mas também orienta as actividades destes, mostrando-lhes diferentes comportamentos e controlando as suas explorações para evitar experiências dolorosas. O vínculo psicoafectivo que une a mãe às suas crias é muito forte e evolui de modo diferente consoante o cachorro é macho ou fêmea. Com efeito, quando os cachorros machos chegam a idade de seis a oito semanas, a mãe aceita muito menos os contactos e começa a mostrar-se agressiva com eles, mordiscando-os. Então começa o período chamado de separação, período que terminará quando os cachorros, convertidos em adolescentes, tiverem cinco ou seis meses. Nesse momento, a cadela já não tolerará a proximidade dos filhos e expulsá-los-á com a ajuda do macho dominante.
Por seu lado, as pequenas fêmeas permanecerão mais tempo no regaço materno, muitas vezes até ao segundo cio. Será então que a mãe se comportará como uma rival das filhas diante dos machos da matilha e as agredirá.
O conjunto destas condutas é indispensável para o bom desenvolvimento dos cachorros, e qualquer modificação do comportamento da mãe teria repercussões na vida futura daqueles.

Parte II- As perturbações do comportamento materno... dentro de dias

17 comentários:

Anónimo disse...

Olá Paula,
Tive uma cadela que deu à luz uns lindos cachorrinhos, na altura fiquei admiradissíma porque mostrou-se agressiva para comigo quando eu só queria ver os cachorros...pensei "é o instinto maternal a funcionar há que ter repeitinho"...mas depois a sua agressividade foi passando...
Bjs

Maria Paula Ribeiro disse...

Ana Cavaca....

:=) E pensaste bem. Chama-se a isso: influência da "sra. progesterona" :-)
Beijinho muito grande.

Anónimo disse...

Ola Paula

Sem dúvida que este é bem mais agradável de ver, foto tão linda, tão pequenino e fofinho....!

Beijocas
Bruna

Maria Paula Ribeiro disse...

:) Bruna,

Ainda bem! E este pequenino fo de cesariana! Lindo.
Beijinhos

Joël Pinto disse...

Oi Paula...

É tão giro assistir ao parto dos animais. Não sei como é com os humanos, mas já assisti ao nascimento de cães, gatos, borregos e vitelos e é impressionante vermos como eles chegam ao mundo. E o admirável é que, na maior parte das vezes, não é necessária a nossa intervenção; aliás, ajuda-los só atrapalharia.

Jinho grande.

Maria Paula Ribeiro disse...

Joel,

Como eu te entendo!
Eu já assisti:
Gata,
Cadela,
Ovelha,
Cabra
Vaca,
Burra,
quaseeeeeeeeeeeeee... égua (a minha no meu tempo), pois elas são extremamente púdicas!
Coelha (parece uma metralhadora!)
Hamster
Porca,
E acho que é tudo... lol

E quando eu estiver na sala de partos...acrescentarei a esta lista, lol

Jinho grande

Maria Paula Ribeiro disse...

Joel!!!!

Esqueci-me dos pintaínhos!, lol lol

Ana Cristina disse...

:-) a 1ª imagem é uma ternura :-) bom serviço de informação linda.

Maria Paula Ribeiro disse...

Ana Cristina,

Vindo de ti é um garbo de elogio. :-)
Obrigado.

Fada Moranga disse...

Eu acho que ando a frequentar um workshop de Medicina Veterinaria :-)
E eu ja vi partos de peixes de agua doce, periquitos, agapornis e bichos da seda. E esta?
Beijos***deFada

Maria Paula Ribeiro disse...

Fada,

"Eu acho que ando a frequentar um workshop de Medicina Veterinaria"

Espero então que estejas bem instalada! :-)

agapornis???? Vou tirar também um workshop com a minha "aluna", lol

Beijinhos

Anónimo disse...

Olá Paula

A natureza é espantosa!
Obrigada pela lição, gostei muito.

Beijos.

Adelaide Figueiredo

Maria Paula Ribeiro disse...

Adelaide,

Obrigado linda. A natureza é exímia! :-)
Beijinho grande

Maria Paula Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Thanks :)
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Canil Secret Garden disse...

Oi Paula,

Sou criadora e amo meus animais. Tenho uma shitzu que pariu duas cadelinhas com os intestinos para fora. A primeira levei ao vet. que não sei se por falta de experiência, resolveu sacrificar, a ultima também nasceu nesse estado e eu, sem saber o que fazer, deixei-a em um paninho esperando morrer. No outro dia pela manhã, ela ainda estava viva, mas depois foi apagando aos poucos, até morrer. Fiquei muito traumatizada e pior, essa cadela está grávida de novo. O que faço???

††Fαℓℓєη Aηgєℓ†† disse...

Minha cadela teve 7 filhotes nascidos vivos e dois mortos. Ficamos com apenas um deles e doamos o restante a amigos confiáveis.

A questão é, meu Thommy já vai completar dez meses e sua mãe continua a cuidar e a vigiar. Assim como o pai, que nunca gostou de outros cães, mas tem muito carinho com esse filho.

Cães machos teriam noção de paternidade?

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